A estabilidade tem sido a nota dominante da política alemã. Nas últimas décadas a Alemanha apenas conheceu como chanceleres Helmut Khol (CDU, 16 anos), Gerhard Schroeder (SDP, 7 anos) e Angela Merkel (CDU, quase 16 anos).
Mas agora, tudo indica que surgirá uma circunstância inevitável para o líder do governo a sair das eleições legislativas deste domingo: o de enfrentar a fragmentação partidária, mas com a vantagem de o ter de fazer tendo como pano de fundo a tradição de moderação e compromissos da política alemã.
Afastada por agora, pelo menos pelo SDP, a reedição da ‘grande coligação com a CDU, o próximo governo deverá ter de integrar pelo menos três partidos, sendo que em teoria são inúmeras as várias coligações possíveis. Dado objetivo é a diminuição do peso dos dois maiores partidos CDU e SDP. Apesar da cláusula-limite dos 5% são seis os partidos com assento no Bundestag.
O desenho da próxima coligação, o perfil dos principais líderes – Olaf Scholz, Armin Laschet e Annalena Baerbock – o ritmo a que a Alemanha deve alterar o modelo económico assente na indústria mais tradicional, o papel da Alemanha na UE e no mundo e o legado de estabilidade de Angela Merkel – pós 11S, caos no Iraque, crise do euro, refugiados e pandemia – são temas para debate.
A análise é de Nuno Botelho, jurista e presidente da ACP-Câmara de Comércio e Indústria do Porto, Miguel Leichsenring-Franco, gestor, ex-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã e e do jornalista José Alberto Lemos.