O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, descreve o vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, como seu herói, designando, em contraste, o Presidente francês, Emmanuel Macron, como o seu principal adversário na Europa.
“[Salvini] é o meu herói e também meu companheiro de luta", afirmou Orbán à imprensa em Milão, no norte de Itália, antes de uma reunião com Salvini, que tem também a pasta do Interior no novo executivo italiano, chefiado por Giuseppe Conte.
Novamente inquirido sobre esta declaração na conferência de imprensa que se seguiu à reunião de ambos, Orbán reiterou o que afirmara, gracejando que Salvini venceria por uma ampla margem as eleições na Hungria "onde, felizmente, não se pode candidatar".
Os dois governantes, partidários de uma linha dura contra os migrantes que chegam à Europa, confirmaram à imprensa o seu acordo quanto à necessidade de "defender as fronteiras" contra a imigração.
"O nosso objetivo é ajudar lá onde existem problemas", em África, nomeadamente, "não trazer os problemas para nossa casa", declarou o primeiro-ministro húngaro.
"A Hungria é a prova de que os migrantes podem ser detidos em terra firme", frisou Orbán, cujo país construiu uma barreira de arame farpado ao longo de várias centenas de quilómetros na fronteira com a Sérvia e a Croácia, acrescentando: "A missão de Matteo Salvini é garantir que esses migrantes podem igualmente ser detidos no mar".
Tal como Salvini, Viktor Orbán indicou claramente o seu principal adversário na Europa, antes das eleições europeias de maio de 2019: o Presidente francês, Emmanuel Macron.
"Existem atualmente dois lados na Europa e um deles é dirigido por Macron", afirmou o chefe do executivo húngaro.
"Ele está na liderança das forças políticas que apoiam a imigração. Do outro lado, estamos nós, que queremos acabar com a imigração ilegal", referiu.
Inquirido sobre a sua eventual saída do Partido Popular Europeu (PPE, centro-direita), de que o seu partido é membro no Parlamento Europeu, Orbán indicou que deseja sobretudo que o PPE, principal força política no hemiciclo comunitário, "se perfile do nosso lado e do lado dos povos da Europa".
"Espero que este encontro seja o primeiro de uma longa série para mudar o destino da Itália, da Hungria e da totalidade do continente europeu", afirmou, por sua vez, Matteo Salvini, que parecia já estar em campanha para as eleições europeias.
À semelhança dos acordos bilaterais assinados pela Alemanha com a Grécia e Espanha, o ministro do Interior italiano indicou estar iminente um acordo de Berlim com Roma sobre os migrantes chamados secundários, ou seja, aqueles já registados noutro país da União Europeia, como Itália.
O acordo com a Alemanha está "ao alcance da mão", disse à imprensa, precisando todavia que deverá ter um "custo zero" para Itália.
"Nós estamos dispostos a receber no nosso país migrantes secundários na condição de que um número igual de migrantes seja retirado do nosso país", explicou o dirigente da Liga (extrema-direita).
Uma manifestação com cerca de 3.000 pessoas, organizada por partidos de esquerda, realizou-se próximo do local da reunião dos dois governantes.
"Nós não queremos a Europa do líder húngaro Orbán, que se diz amigo de Salvini mas que, quando se trata de acolher alguém que foge da guerra, mantém a sua porta sempre fechada", declarou, durante o protesto, Emanuele Fiano, deputado do Partido Democrata (PD, esquerda).