Coronavírus. Estão a comprar medicamentos de uso hospitalar sem receita médica
18-03-2020 - 07:20
 • Susana Madureira Martins , com redação

Infarmed alerta que este medicamento não deve ser usado em automedicação e que o utilizador incorre em riscos que podem ser graves para a sua saúde.

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Há pessoas a comprar medicamentos de uso hospitalar para a Covid-19 sem receita médica.Uma situação que está a preocupar o Infarmed e os especialistas.

O medicamento em causa tem como princípio ativo a hidroxicloroquina e é habitualmente usado para tratar a malária, lúpus ou artrite reumatóide. Está a ser utilizado nos hospitais de modo experimental e sempre em associação com outros fármacos para o novo coronavírus.

Só pode ser vendido com receita médica mas há quem consiga comprá-lo sem prescrição.

Ouvido pela Renascença, o pneumologista Filipe Froes explica que o medicamento é de utilização exclusiva em doentes em meio hospitalar. “É um medicamento que tem sido utilizado em modo experimental, sempre em associação com outros fármacos, e exclusivamente em doentes internados com Covid-19. Não tem qualquer indicação para uso em ambulatório – fora do hospital – pelo que a sua compra é totalmente desnecessária a apenas pode comprometer a sua disponibilidade aos doentes hospitalizados que dele necessitem”, alerta.

Este especialista explica ainda que a compra da hidroxicloroquina fora dos hospitais apenas pode comprometer a sua disponibilidade aos doentes hospitalizados que dele necessitem.

Contactado pela Renascença, o Infarmed alerta que este medicamento não deve ser usado em automedicação e que o utilizador incorre em riscos que podem ser graves para a sua saúde. Este, como qualquer medicamento, tem contraindicações, pode provocar reações adversas e interagir com outros fármacos que o doente possa estar a tomar.

O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou mais de 198.000 pessoas, das quais mais de 7.900 morreram e 82.000 recuperaram.

O surto começou em dezembro na China, que regista a maioria dos casos, e espalhou-se entretanto por mais de 145 países e territórios. Na Europa há mais 67.000 infetados e pelo menos 2.684 mortos, a maioria dos quais em Itália, Espanha e França.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje número de casos confirmados de infeção para 448, mais 117 do que na segunda-feira, dia em que se registou a primeira morte no país.