O presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH) desafia o Governo a repensar a organização dos serviços de Urgência “logo no início do ano de 2024”.
No dia seguinte ao acordo firmado entre o Ministério da Saúde e o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) para um aumento intercalar até 15%, sem a assinatura da FNAM, Xavier Barreto admite, em declarações à Renascença, que esse entendimento “é positivo para o Serviço Nacional de Saúde, mas há outras questões que terão que ser discutidas”, nomeadamente o modelo de organização das urgências, de modo a evitar a atual situação em que dezenas de estão a funcionar de forma condicionada, devido ao elevado número de médicos que recusam trabalhar para lá das 150 horas extraordinárias anuais a que estão obrigados por lei.
“Seria inaceitável que em 2024 nós regressássemos à rede de urgências que sempre quisemos, consumindo esse plafond de 150 horas por cada um destes médicos, porque isso levar-nos-ia muito provavelmente à mesma situação em que estamos agora, só que mais cedo, provavelmente em meados do ano”, alerta o presidente da APAH.
Daí o recado expresso ao Ministério da Saúde: “Temos de preparar o ano de 2024 assumindo que só teremos, no máximo, 150 horas para este conjunto de médicos que entregou esta declaração de recusa e tirar daí as devidas ilações”.
Xavier Barreto entende que a solução terá de considerar "um conjunto de respostas, quer a nível regional, quer em algumas áreas metropolitanas, porque se nós não tivermos mais horas de médico do que aquelas que temos hoje, e se as horas de médico não forem suficientes para garantir a rede que já tivemos no passado, temos muito necessariamente de rever a rede, garantindo que temos uma resposta sustentada e o mais segura possível para os nossos doentes”.