O júri do Prémio Árvore da Vida/Padre Manuel Antunes decidiu por unanimidade atribuir a edição de 2021 a João Manuel Duque, professor catedrático da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa.
Doutorado em Teologia Fundamental pela Philosophisch-Theologische Hochschule Sankt Georgen SJ, Frankfurt a. M., em 1996, João Manuel Duque é pró-reitor da Universidade Católica Portuguesa, presidente do Centro Regional de Braga e diretor-adjunto da Faculdade de Teologia.
João Manuel Duque foi apresentado pelo júri da edição 2021 do Prémio Árvore da Vida / Padre Manuel Antunes como "uma figura marcante da cultura portuguesa".
Com “surpresa natural”, foi assim que João Manuel Duque recebeu o anúncio de ter sido distinguido com o “Árvore da Vida”, edição de2021, atribuído pela Igreja católica através do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.
“Uma coisa destas nunca se está à espera”, disse à Renascença o primeiro teólogo a receber esta distinção, que olha para a mesma como forma de “valorização do papel da teologia no global, na vida quotidiana, para além do papel que é típico interno á comunidade eclesial”.
Nesse sentido, sublinha, “valorizo e aprecio a atribuição deste prémio, agradeço ao júri”, pois “valoriza a teologia como um contributo global para a cultura”.
João Manuel Duque, pró-reitor da Universidade Católica Portuguesa (UCP), presidente do Centro Regional de Braga da mesma instituição e professor catedrático da sua Faculdade de Teologia, é considerado, na declaração do júri, "figura marcante da cultura portuguesa" e “um cruzador de fronteiras” entre a teologia e a filosofia, os saberes e a arte, particularmente a música, destacando também a sua “reiterada reflexão no campo”.
“O meu trabalho tem procurado, ao longo das ultimas décadas, fazer um perfil teológico que não seja demasiado interno até à própria Teologia, nem sequer exageradamente académico”, afirma.
O professor catedrático explica que “o cruzamento com a filosofia tem servido a essa reflexão”, e que a arte surge “da minha ligação à musica”.
João Manuel Duque considera muito positivo que os promotores do prémio reconheçam e “valorizem, precisamente, o estabelecimento de pontes para o exterior e pontes com as diversas áreas do saber”, sendo “significativo do ponto de vista da valorização do trabalho teológico”, segundo esse perfil e que “seja mais do que a mera repetição daquilo que está dito no interior da Igreja”.
Teologia “ganhou mais cidadania”
Questionado pela Renascença sobre a perceção que existe sobre a Teologia, João Manuel Duque considera que “no contexto da sociedade atual, concretamente a portuguesa, a teologia era uma ilustre desconhecida desde há muito tempo”, porém, “nas ultimas décadas tem ganho mais cidadania, se quisermos, seja ao nível da própria comunicação social seja ao nível do contexto académico”.
O teólogo lembra que a “própria Faculdade de Teologia tem contribuído para o reforço da cidadania no mundo académico”, o que se reflete de certa forma na atribuição deste prémio.
“A teologia é acolhida como um contributo pertinente no contexto cultural e no conjunto da nossa sociedade”, acrescenta, a que não é alheio o facto de existirem “cada vez mais, teólogos leigos envolvidos neste trabalho”.
O Prémio “Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes” 2021, acredita que existe uma “perceção cada vez maior que este contributo, é um contributo transversal, mundano, por assim dizer, e não simplesmente algo reservado à formação eclesiástica, no sentido estrito e muito menos à formação clerical, no sentido tradicional do termo”.
O Prémio, instituído em 2005 pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura para destacar um percurso ou obra que refletem o humanismo e a experiência cristã, é composto pela escultura "Árvore da Vida", de Alberto Carneiro, e 2500 euros, contando a partir deste ano com o patrocínio da Fundação Ilídio Pinho.
Nas edições anteriores o Prémio galardoou o poeta Fernando Echevarría, o cientista Luís Archer S. J., o cineasta Manoel de Oliveira, a classicista Maria Helena da Rocha Pereira, o político e intelectual Adriano Moreira, o trabalho de diálogo entre Evangelho e Cultura levado a cabo pela Diocese de Beja, o compositor Eurico Carrapatoso, o arquiteto Nuno Teotónio Pereira, o pedagogo Roberto Carneiro, o jornalista Francisco Sarsfield Cabral, a artista plástica Lourdes Castro, o professor de Medicina e Bioética Walter Osswald, o ator e encenador Luís Miguel Cintra, o ator Ruy de Carvalho, o historiador José Mattoso e o ensaísta Eduardo Lourenço.
[notícia atualizada às 17h50 com reação do premiado]