Sistema informático do INEM está “perigosamente desadequado”
21-11-2024 - 14:20
 • Manuela Pires

O CODU “hoje em dia não funciona”, alertou o presidente da Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica, que foi ouvido esta quinta-feira no parlamento.

O presidente da Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica disse esta tarde no parlamento que os sistemas informáticos dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) estão “perigosamente” desadequados e desatualizados há vários anos.

“Todos os sistemas informáticos e softwares de suporte a tomadas de decisão, e tudo mais que é utilizado no CODU, hoje em dia, e que nós temos vindo a alertar há demasiado tempo, estão desatualizados, estão desadequados e são perigosamente desadequados”, avisou Paulo Paço na Comissão Parlamentar de Saúde que, esta quinta-feira, está a ouvir vários responsáveis pela situação do INEM.

Paulo Paço alertou que o CODU “é incapaz” de distinguir os casos urgentes de não urgentes e que “não há capacidade de desviar” meios para situações de maior emergência.

“O CODU, hoje em dia, não funciona, não pode funcionar nos modos que continua a funcionar, os protocolos de triagem de doentes não podem continuar a ser estes protocolos que estão em utilização hoje em dia”, avisou Paulo Paço.

Na audição na comissão parlamentar, o presidente da Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica foi questionado sobre a atual presidência do INEM e Paulo Paço revelou que a associação se reuniu com o presidente em exercício do INEM ontem mesmo a quem apontou a necessidade de aumentar a formação dos técnicos de emergência médica.

Sobre a atual situação do Instituo Nacional de Emergência Médica, Paulo Paço defende a criação de uma comissão de inquérito porque diz que a falha no socorro é muito grande e isso tem de ser “auditado”.

“Esta situação não é de agora, foi potenciado por esta greve, mas não é de agora. É recordar os 19 mil P1s sem resposta, ou seja, as situações de risco de vida imediato, que não obtiveram suporte avançado de vida, que é o meio mais diferenciado do INEM, as viaturas médicas ou o helicóptero, e estes cidadãos ficaram sem esta resposta por parte do INEM, o que para nós é uma falha inegável do sistema e que tem que ser auditado”, referiu o responsável.

“Tem de se perceber onde é que o sistema falhou e, quando digo isto, não é apenas única e exclusivamente para responsabilizar seja quem for, mas é, acima de tudo, para nós tirarmos lições do que é que correu mal para podermos mitigar para que não volte a ocorrer”, disse Paulo Paço aos deputados.

Confrontado com o aumento de recursos humanos que está previsto com a abertura de um concurso com 200 vagas, Paulo Paço referiu que a entrada de mais recursos humanos é positiva, mas não resolve o problema e que é necessária uma valorização salarial: “Estamos a falar de uma entrada de 900 euros para o início de um técnico de emergência pré-hospitalar do INEM, acho que é francamente baixo.”

“Mais técnicos, mais meios, são sempre bem-vindos, fazem sempre falta, mas não chega só mandarmos mais técnicos, mais meios, mais meios tecnológicos e tudo mais, porque só isto, só os números não vão resolver o problema”, avisou o presidente da associação, que voltou a defender a criação da carreira de paramédico.