Um dos nomes mais aguardados da edição 2021 da Web Summit encheu o Altice Arena, esta terça-feira. A atriz e produtora Amy Poehler estreou-se em Portugal para falar sobre a sua organização, "Amy Poehler Smart Girls", que ajuda jovens a serem autênticas, criativas e inteligentes.
"Ao longo do meu caminho tive mentoras que me mudaram a vida. E acredito que devemos liderar pelo exemplo. Vejo-me e à minha viagem pelos olhos dos jovens", disse Amy Poehler, ao explicar o que a levou a criar este projeto, que pretende empoderar a próxima geração de líderes.
As jovens mulheres são o seu principal "alvo" pois sente-se "muito protetora" delas. "Acho que se lhes for dado o espaço certo, o espaço em que se possam sentir livres e protegidas, podem tornar-se as melhores versões de si mesmas".
Também Amy encontrou nas mulheres que a rodeavam a inspiração que precisava para criar carreira na comédia. "As minhas principais mentoras nunca as conheci: via-as na televisão", relembra, inspirada pelas mulheres que fizeram, "confortáveis", o caminho do humor, "espaço tipicamente de homens", e também pelas "rufias" da escola, que a intrigavam.
Apesar de defender que "vivemos numa sociedade patriarcal", acredita que "a maneira como nos relacionamos evoluiu". "Sou de uma geração a quem foi dito que profissões podíamos ter. Agora as pessoas decidem como gerir a sua vida e carreira. Gostaria de ter sabido como me manter flexível e como estar mais aberta à mudança", admite, elogiando as novas gerações, mais perspicazes.
Em respostas pausadas e mais interrogativas que assertivas, Amy foi sempre procurando dar à plateia a última palavra, até porque sente que "a nova geração está confortável sem muitos conselhos", pelo que tenta não o fazer com tanta frequência. "O que lhes devemos dar é o espaço que precisam para perceberem as coisas sozinhas", defende. Quando os holofotes a atingem, como foi o caso na Web Summit, brinca, mas assume a responsabilidade. "Precisamos de perceber que vozes queremos amplificar. Muitas vezes essas vozes não são nossas. Se calhar, não deveria ser eu a falar aqui neste momento", atira.
O caminho das redes sociais para os jovens é "tortuoso, mas empoderador"
Alheada de redes sociais como o Instagram, Amy Poehler garante perceber que sejam, para muitos, "um vício" mas, para tantos outros, "entusiasmante" e positiva. "Como estou de fora, consigo observar a forma como as pessoas lidam com isso. Algumas pessoas estão viciadas [nas redes sociais], mas é um espaço que também pode ser educacional e ajudar no crescimento", adiciona.
Tal é especialmente verdade para as mulheres, que crescem sob o escrutínio da Internet. "As jovens mulheres estão habituadas a ser observadas. Acho incrível que, especialmente no mundo da tecnologia, as jovens já percebem muito rápido quando as tentam usar, quando as tentam enganar e procuram mensagens mais autênticas".
Mesmo assim, é terreno minado para quem necessita de validação. "É muito complicada a nossa relação com as redes sociais. Se nos virarmos para uma multidão e perguntarmos: 'Sou bonita?', vamos receber variadíssimas respostas. Será que precisamos delas?", questiona.
Ainda no mesmo "campo", defende que se fale mais de saúde mental e mostra-se otimista com as lições aprendidas com a pandemia. "Se aprendemos alguma coisa nos últimos anos é que o sentido de comunidade é realmente importante. Necessitamos muito disso".
E, como que a dar-lhe razão, uma mulher irrompeu da plateia, no final, e foi oferecer-lhe um waffle.