Foram suprimidos 418 comboios entre as 00h00 e as 10h00 desta sexta-feira, em mais um dia de greve na CP.
Ao todo, e até às 14h, só circularam 29 comboios dos 686 que estavam programados.
No período entre as 00h00 e as 6h00 não circulou qualquer comboio.
A paralisação da CP começou no dia 8 de fevereiro e vai prolongar-se até dia 21. Não há serviços mínimos agendados para esta paralisação o que levou a empresa a alertar para “fortes perturbações” na circulação.
A greve foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ), Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário (SNTSF) e Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI)”.
O anúncio da greve dos trabalhadores da CP e da IP, devido à falta de resposta às propostas de valorização salarial, foi feito em 25 de janeiro pela Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans).
Em causa está a falta de resposta das duas empresas às propostas de valorização salarial.
Para os sindicatos, as propostas entregues “ficam muito aquém” dos valores necessários para que seja reposto o poder de compra dos trabalhadores.
Adesão à greve dos revisores, bilheteiras e chefias superior a 90%
A adesão à greve de 24 horas dos revisores, das bilheteiras e chefias diretas estava às 8h00 acima dos 90%, disse à Lusa Luís Bravo, do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI).
“A adesão à greve está a ser maciça, acima dos 90% em todo o país”, disse Luís Bravo, acrescentando que a paralisação é de 24 horas, mas ainda poderá ter efeitos no sábado.
De acordo com o sindicalista, na origem da greve está o empobrecimento contínuo dos trabalhadores especializados.
“Entre 2010 e 2020 tivemos os salários congelados praticamente todos os anos. No ano passado tivemos um aumento salarial de 0,9% com uma inflação média de 7,8%, sendo que a inflação dos produtos essenciais, aqueles que os trabalhadores com o salário mínimo não podem fugir, se situou perto dos 20% de aumento”, explicou.
Luís Bravo disse que a proposta salarial que a empresa apresentou ronda em média 3,49%, uma proposta muito inferior à inflação, inclusive inferior aquela que foi aplicada aos funcionários públicos.
O sindicalista indicou também que os trabalhadores estão preocupados com as questões relacionadas com a segurança de circulação de comboios.
“Nós convivemos todos os dias com os utentes nos comboios e sentimos a falta de policiamento, especialmente nas áreas urbanas de Lisboa e Porto. Neste momento, a partir das 21h00 é raro ver-se um agente nos comboios e estações. Há um sentimento de insegurança por parte dos utentes e também não para de aumentar o número de agressões a trabalhadores”, disse.
[atualizado às 16h20]