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A Rússia quer controlar o sul da Ucrânia e a região do Donbass (leste) para criar um corredor para a Crimeia, a península ucraniana anexada por Moscovo em 2014, disse esta sexta-feira um comandante militar russo
“Desde o início da segunda fase da operação especial, há dois dias, um dos objetivos do exército russo é estabelecer o controlo total sobre o Donbass e o sul da Ucrânia”, afirmou o comandante-adjunto do Distrito Militar Central da Rússia, general Rustam Minnekayev, citado pela agência francesa AFP.
Durante uma reunião com empresas do complexo militar industrial russo em Yekaterinburg (Urais), Minnekayev explicou que esse controlo “assegurará um corredor terrestre para a Crimeia”.
Assegurará também “influência nas infraestruturas vitais da economia ucraniana, os portos do Mar Negro, através dos quais os produtos agrícolas e metalúrgicos são entregues”, acrescentou.
As declarações do general russo parecem confirmar que Moscovo também pretende conquistar Odessa, o maior porto ucraniano e a terceira maior cidade do país, segundo a AFP.
Minnekayev disse que o domínio do sul da Ucrânia também ajudará os separatistas pró-russos da Transnístria, que controlam, desde 1992, este território moldavo que faz fronteira com a Ucrânia e onde a Rússia mantém uma guarnição militar.
“O controlo do sul da Ucrânia é também um corredor para a Transnístria, onde há também casos de opressão da população de língua russa”, afirmou.
Antiga república soviética, a Moldova é um pequeno país de língua romena com um governo pró-ocidental.
A Rússia apresenta a ofensiva na Ucrânia, lançada em 24 de fevereiro, como uma operação para proteger a população de língua russa.
“Estamos a combater o mundo inteiro, neste momento, como na Grande Guerra Patriótica”, disse ainda o general Minnekayev, recorrendo ao nome dado na Rússia à Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
“Toda a Europa, todo o planeta estava contra nós na altura. Agora, é a mesma coisa, eles nunca gostaram da Rússia”, acrescentou.
O Presidente Vladimir Putin anunciou, na quinta-feira, a “libertação” do porto estratégico ucraniano de Mariupol (sudeste), que está no centro de uma grande batalha há quase dois meses.
Putin ordenou ao ministro da Defesa, Serguei Shoigu, a suspensão do assalto à metalúrgica Azovstal, em cujos túneis estão entrincheirados os defensores de Mariupol, mas mantendo o enorme complexo cercado para que nem uma “mosca possa passar”.
Horas depois, a empresa de tecnologia espacial norte-americana Maxar Technologies divulgou imagens de satélite da possível existência de mais de 200 valas comuns perto de Mariupol, que as autoridades ucranianas dizem ter sido usadas pelos russos para enterrar 9.000 civis.