Os familiares e amigos de Avelina Ferreira, uma idosa de 73 anos que sofre de demência e desapareceu depois de ter saído sozinha do Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, organizam esta quinta-feira uma vigília silenciosa em frente à Assembleia da República.
A iniciativa, marcada para as 18h30, decorre um mês depois de a mulher ter sido vista pela última vez. Na altura, e apesar dos alertas da família de que sofria de demência, os serviços hospitalares não permitiram que o marido a acompanhasse na urgência.
Além da vigília, foi lançada também uma petição pública para "a prevenção e resposta ao desaparecimento de pessoas com demência", onde, entre diversas medidas, se pede o reforço de segurança nos hospitais e o “efetivo cumprimento pelos serviços e unidades de saúde do direito ao acompanhamento”, em particular das pessoas mais vulneráveis.
João Medeiros, advogado da família de Avelina Ferreira, defende a “obrigatoriedade de acompanhamento nestas situações, isto é, a pessoa só pode entrar e ser admitida [no hospital] se tiver alguém que se responsabilize por ela”.
“Caberia também estabelecer um regime sancionatório severo para que, neste tipo de situações, houvesse consequências graves à recusa desse direito”, diz o advogado à Renascença.
João Medeiros sugere também a colocação de pulseiras “distintivas” nas pessoas com demência que alertem os profissionais de saúde para a sua situação.
Cecília Sales, porta-voz do Movimento de Utentes dos Serviços Públicos, considera "escandaloso" o desaparecimento da idosa e diz que o caso mostra que os doentes “requerem mais atenção, mais cuidados e maior segurança”.
“Na nossa opinião, isto tem a ver com o tumulto diário [nos hospitais], a falta de investimento nos profissionais de saúde, nas unidades, nos equipamentos”, afirma a dirigente, acrescentando que o cenário se estende a outras áreas dos serviços públicos.
As autoridades continuam a investigar o desaparecimento de Avelina Ferreira, mas até ao momento não se conhece o seu paradeiro.