Os portugueses têm mais dinheiro e estão a poupar mais, mas não está a render, pois deixam ficar na conta à ordem ou aproveitam a folga para se endividarem. Os dados são avançados esta quarta-feira, Dia Mundial do Consumidor, pelo último estudo anual sobre Literacia Financeira em Portugal em 2017, do Observador Cetelem.
Este inquérito mostra que quase metade dos inquiridos, 49%, põe de lado parte do que ganha, quando no ano passado o valor ficava pelos 36%.
O documento revela que, se em 2016 a maioria transferia o dinheiro para a conta a prazo, agora com a descida dos juros, acaba por ficar à ordem. As contas a prazo passaram para segunda opção, os tradicionais mealheiros ganharam adeptos e apenas em quarto lugar, com 4% das respostas, surgem os restantes produtos bancários e investimentos.
Um incentivo para poupar, apesar dos juros baixos, é a descida das despesas fixas mensais. Este ano estas despesas representam mais de metade do orçamento mensal para 24% das famílias, quando, em 2016, eram 35%.
A capacidade das famílias suportarem despesas extra é também maior este ano. Apenas 47% dos inquiridos dizem não ter margem para surpresas no orçamento, contra 60% que diziam o mesmo em 2016.
A má notícia é que com a folga orçamental este ano estão também a aumentar os empréstimos. No ano passado 34% tinham créditos ou cartão de crédito. Em 2017 já são 44%, sendo que a maior parte destina-se à compra de casa, carro ou pagamento de férias.
Apesar da sustentabilidade do sistema nacional de pensões ser um tema que está em permanente discussão no país, apenas um quinto dos portugueses está a preparar a reforma. A maioria tem o dinheiro em contas a prazo, são residuais outras aplicações, como PPRs, certificados do tesouro ou o tradicional mealheiro.
Para este estudo foram realizadas 500 entrevistas, entre 13 e 18 de Fevereiro. O erro máximo é de 4.4, para um intervalo de confiança de 95%.