É oficial, Henrique Gouveia e Melo já deixou de ser o chefe do Estado Maior da Armada.
O militar passa assim à reserva e tem agora caminho aberto para se candidatar à Presidência da República. O cenário é cada vez mais provável e o Almirante Gouveia e Melo deve apresentar a sua candidatura na primeira metade de 2025.
Decorreu esta sexta-feira a tomada de posse do novo chefe máximo da Marinha, Jorge Nobre de Sousa, que sucede a Gouveia e Melo, numa curta cerimónia na Sala dos Embaixadores do Palácio de Belém.
O Almirante pediu ao governo para não ser reconduzido no cargo e pouco depois, Henrique Gouveia e Melo foi condecorado com a Grã Cruz da Ordem Militar de Cristo pelo presidente da República.
Marcelo destaca "toque pessoal" do Almirante
Durante um discurso de menos de 10 minutos, Marcelo Rebelo de Sousa procurou justificar o gesto, numa cerimónia que contou com a presença do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e do ministro da Defesa, Nuno Melo. A presença de membros do Governo neste tipo de cerimónias não é habitual.
O presidente da República destaca um "toque pessoal muito específico" do Almirante Gouveia e Melo no exercício das suas funções enquanto Chefe do Estado Maior da Armada.
Ainda assim, Marcelo Rebelo de Sousa sublinha que "para sermos justos, como dizia um clássico, todas as pessoas são elas próprias e as suas circunstâncias". Por outras palavras, o presidente da República ameniza o mérito de Gouveia e Melo e contextualiza o percurso do Almirante que agora passa à reserva.
Passando pela experiência de Henrique Gouveia e Melo como porta-voz da Marinha e do Estado Maior General das Forças Armadas, que, na visão de Marcelo "permitiu um contacto privilegiado com a sociedade civil e uma compreensão do fenómeno mediático em transformação", ou seja, que aproximam o até aqui Chefe de Estado Maior da Armada com a comunicação social pouco habitual para os membros das Forças Armadas.
Marcelo lembrou também a sua função "logística alimentar" que Gouveia e Melo teve durante a crise dos incêndios de 2017, no qual teve "um contacto privilegiado com as populações", e claro, vincou a sua passagem pela taskforce para a vacinação contra a Covid-19.
"Mais tarde, num período intenso, que correspondeu a outro período de calamidade (...) a experiência do protagonismo naquela que foi uma campanha de vacinação ao longo de 2021", contextualiza o presidente da República.
Marcelo Rebelo de Sousa centra que "isso, naturalmente, acaba por afeiçoar este conjunto de circunstâncias a forma como exerceu a chefia do Estado Maior da Armada". Ou seja, o presidente da República dá a entender que o mediatismo e destaque de Gouveia e Melo só aconteceu devido às várias funções por onde foi passando.