Os médicos de saúde pública não acreditam na penalização ou responsabilização dos pais como forma de melhorar taxas de vacinação.
“É fácil entrar por uma via culpabilizante e de responsabilização. Na experiência que existe a nível internacional, os casos em que a penalização, seja por multas pecuniárias, seja por redução de benefícios sociais, não apontam melhores taxas de vacinação do que nos sítios onde isso não foi aplicado”, diz à Renascença o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública.
Nestas declarações, Ricardo Mexia defende, acima de tudo, uma aposta na sensibilização e proximidade.
“O que resulta tem a ver com contactar as pessoas que não estão vacinadas, perceber porque é que isso não acontece, eventualmente ir ao encontro das pessoas, fazer a vacinação nos locais onde elas estejam, incluindo os domicílios, melhorar o sistema de informação com as vacinas que são administradas em diversos locais todas registadas nos boletins de forma, a que se possa saber, em cada momento, quem são as pessoas não vacinadas e possa intervir nesse cenário”, acrescenta.
O Governo quer responsabilizar os pais que recusem vacinar os filhos. A intenção é anunciada pelo ministro da Saúde em entrevista ao jornal "Público".
Nestas declarações, Adalberto Campos Fernandes mostra-se cauteloso mas assume que a “possibilidade mais prática” é um documento escrito.
De acordo com a Direcção-geral de Saúde (DGS), desde 1 de Janeiro e até ao dia 16 de Maio foram notificado 145 casos possíveis de sarampo, mas apenas se confirmaram as suspeitas em 29.
Dos 29 doentes que contraíram a doença, 17 não estavam vacinados; 19 tinham 18 ou mais anos e 13 foram internados, tendo 12 deles tido já alta. O outro décimo terceiro caso foi o caso da jovem de 17 anos que acabou por falecer.