Milhares de venezuelanos acordaram esta quarta-feira para um segundo dia sem eletricidade, no meio de mais um apagão que voltou a afetar quase todo o país e que está a tornar lucrativo o aluguer de geradores.
Depois de um corte de energia, ao início de terça-feira, grande parte da Venezuela tinha recuperado a energia elétrica ao final do dia, mas hoje houve um novo corte geral, que ainda continua a afetar milhões de cidadãos.
Na memória dos venezuelanos ainda está o apagão de 7 de março, que deixou quase todo o território sem energia elétrica durante cinco dias, causando um clima de distúrbio e tornando o negócio de aluguer de geradores elétricos muito lucrativo.
O apagão que hoje se repete pelo segundo dia consecutivo afeta quase todos os 23 Estados de um país com enormes reservas petrolíferas, mas cada vez mais vulnerável em termos de distribuição energética.
Em situações anteriores, o Presidente Nicolas Maduro atribuiu as culpas dos apagões a ações de sabotagem, patrocinadas pela oposição, com apoio do governo dos EUA.
Desta vez, e até ao momento, as autoridades ainda não deram qualquer esclarecimento sobre as causas da mais recente interrupção de energia.
A população continua, por isso, sem energia e sem esclarecimentos, dependendo da sua capacidade de resolver o problema causado pelos blackouts, nomeadamente recorrendo a geradores elétricos, cuja venda se tornou um bom negócio para as empresas que os comercializam.
Comprar ou alugar um gerador elétrico tornou-se uma necessidade básica para as empresas ou simplesmente para alguém que não queira ficar paralisado no meio de um apagão na Venezuela.
No entanto, por causa do elevado preço, a compra de geradores não está a acessível à maioria da população e mesmo alugá-los ao dia está cada vez mais caro.
O aluguer de um equipamento de 100 quilovolts-amperes pode chegar a custar cerca de 300 euros por dia.
Os pedidos de geradores elétricos dispararam depois do apagão de 7 de março e a procura tem aumentado nas últimas semanas, para precaver situações como a que hoje se repetem.
"Os nossos clientes não previram toda essa situação de emergência nos setores residencial, comercial e macroindustrial, em termos de manutenção e de instalação de novos equipamentos", explicou à EFE Gabriel Vázquez, diretor de uma empresa de aluguer de geradores.
De repente, Vázquez descobriu que muitas pessoas da Grande Caracas, o cordão residencial que circunda a capital venezuelana, começaram a chamá-lo.
"Todas o material que tínhamos à venda foram vendidos, num par de semanas. Tudo foi vendido desde o ‘blackout’ de dia 7. Ficámos sem stock de máquinas portáteis que as pessoas desesperadamente compraram para usar em vários locais, ou de máquinas fixas, para usar em casas e apartamentos", disse Gabriel Vázquez.
Com recurso a camiões, a empresa leva os geradores onde os clientes precisam deles, deixando-os temporariamente, no caso de aluguer de curto prazo, ou instalando-os, para os casos de longo prazo.
"O negócio tornou-se muito popular, especialmente no campo de aluguer e será cada vez melhor, com tudo o que estamos a viver”, explicou Vázquez.
"Não podemos aproveitar a crise de forma cruel, mas antes oferecer ajuda nesta emergência que vivemos", explicou.
"Há quem chore e há os que vendem lenços", disse o empresário de geradores elétricos.