Retirar a bola rapidamente e com critério da zona de pressão será fundamental para o FC Porto sair do duelo frente ao Atlético de Madrid com um resultado positivo. A ideia é preconizada por José Gomes, que era adjunto de Jesualdo Ferreira, quando, em 2009, os portistas golearam por 3-0 no Estádio Vicente Calderón.
Os golos da vitória portista foram marcados por Bruno Alves, Hulk e Radamel Falcao. De então para cá, muito coisa mudou. O Atlético de Madrid, que então era treinado por Quique Flores, tem hoje no banco o carismático Diego Simeone. O Porto é orientado pelo "cabeça dura" Sérgio Conceição – foi assim que Simeone alcunhou o seu antigo companheiro de equipa na Lázio, na antevisão ao jogo da 1ª jornada do Grupo B da Liga dos Campeões.
Numa entrevista a Bola Branca, José Gomes aponta para um duelo entre At. Madrid e Porto intenso, à imagem dos seus treinadores. José Gomes considera o atual FC Porto uma equipa forte, tal como o que há uma dúzia de anos goleou na capital espanhola.
“É difícil comparar, mas é um Porto muito forte e muito bem orientado, com um espírito competitivo extraordinário, que vai defrontar um At. Madrid diferente do da altura, agora treinado por Diego Simeone, que pauta o seu jogo com muita agressividade”, declara José Gomes a partir da Arábia Saudita, onde treina o Al Taawon.
O antigo adjunto portista, confrontado pela Renascença com o choque de personalidades entre Sérgio Conceição e Simeone, faz notar que “o choque é entre as duas equipas. Ninguém tem dúvidas de que ambas vão entrar em campo com uma agressividade saudável, na procura dos três pontos. São duas equipas fortes, com caraterísticas diferentes e os jogadores tentarão espelhar aquilo que é o espírito dos seus treinadores”.
Para que a missão portista no Wanda Metropolitano tenha sucesso, José Gomes considera fundamental evitar que o At. Madrid circule a bola na zona de pressão.
“O espírito, a organização, a entrega a cada duelo e a procura de vencer o jogo, como fez frente ao Sporting – que seguramente será um guião para toda a época – irá fazer do Porto uma equipa mais competitiva também perante o Atlético de Madrid”, assinala José Gomes, antes de destacar a importância de os jogadores portistas terem “capacidade de pressão, qualidade e velocidade na circulação porque, atendendo à forma como o At. Madrid pressiona, é fundamental retirar rapidamente a bola da zona de pressão e o Porto tem jogadores tecnicamente evoluídos o suficiente para o conseguir fazer”.
Houve sempre "mais Porto" no clássico de Alvalade
A estreia portista na fase de grupos da Liga dos Campeões 2021/22 acontece quatro dias depois do empate (1-1) com o Sporting, para a jornada 5 da I Liga. Apesar da distância que o separa de Lisboa, José Gomes não perdeu pitada do clássico, em que viu um Porto mais forte que o rival e mais perto daquilo que Sérgio Conceição pretende para esta época.
“Na segunda parte, sobretudo, mas na primeira também”, considera o antigo técnico portista, para quem o golo do Sporting “foi contra a corrente do jogo e não foi por ter marcado que esteve melhor”. Para José Gomes “viu-se sempre mais Porto. Não permitiu que o adversário alimentasse o seu jogo e embora o Sporting tenha conseguido algumas situações em contra-ataque, numa análise técnica ao que aconteceu, o Porto foi mais forte no jogo todo”.
Lutar pela presença na Champions da Ásia e fazer crescer o Al Taawon
José Gomes chegou no final de agosto à Arábia Saudita para substituir Mohammed Al-Abdali no comando técnico do Al Taawon, onde já trabalhou por duas vezes, entre 2014 e 2018.
O treinador de 51 anos de idade define os objetivos para esta nova aventura nas arábias, poucos dias depois de se ter estreado com um empate sem golos frente ao Al-Ahli Jeddah.
“É a terceira vez que sou convidado por este clube. Tenho uma relação muito próxima com dirigentes e adeptos; já conquistámos coisas muito interessantes numa perspetiva de crescimento do clube. A ideia é manter esse crescimento e, se não conseguirmos o acesso à Champions, queremos ficar próximo desses lugares”, conclui.