Os consumidores portugueses pouparam mais de um milhão de euros em 2017, na sequência das reclamações que dirigiram à associação de defesa do consumidor Deco.
Foram mais de 400 mil os consumidores que pediram ajuda, com informação e apoio para resolver conflitos com as empresas fornecedoras de serviços.
O sector das telecomunicações continuou a ser o mais reclamado. “As telecomunicações é um sector muito inovador em termos de problemas, conflitos e reclamações”, afirma o jurista da Deco Paulo Fonseca.
Convidado da Manhã da Renascença, o especialista refere que “o período de fidelização continua o grande problema para os consumidores – estamos a falar de uma grande fatia em termos de orçamento e de valores que ultrapassam muitas os 400 euros para pagar uma saída antecipada do contrato”.
Além disso, Paulo Fonseca recorda “situações muito específicas que ocorreram em 2017” e que levaram a um aumento das queixas, nomeadamente quando as “operadoras decidiram, unilateralmente, avisar os consumidores do aumento do preço mas esqueceram-se de avisar que, caso não concordassem com esse preço, podiam rescindir o contrato sem penalização”.
Por causa disso, “tivemos situações de consumidores que estiveram meses a pagar valores que não deveriam ter pago e, pior, situações de consumidores que pagaram penalizações que não deveriam ter pago”, destaca.
O jurista da Deco reconhece que “o regulador teve uma acção positiva” no sentido de “reforçar a ilegitimidade desta cobrança e obrigar os operadores a repetir a comunicação de modo correcto ou repor os valores”.
Além das telecomunicações, o sector dos transportes foi outro sector com muitas reclamações, com um número a subir em 2017. Paulo Fonseca aponta o metro e outros transportes públicos, onde há atrasos e supressões que estão a “cansar os consumidores”, que antes não reclamavam e agora passaram a fazê-lo.
Mas o ano passado foi ainda um “ano peculiar” no transporte aéreo, com a Ryanair a protagonizar o caso mais mediático e que originou mais queixas.
A Deco entrou em contacto com a empresa e garantiu o pagamento das “compensações devidas”, refere o jurista da associação, segundo o qual foi assim possível “poupar cerca de 35 mil euros”.
No total das 405 mil queixas recebidas, “a Deco foi obrigada a intervir” em “17 mil situações”, tendo sido possível “poupar um milhão de euros aos consumidores”.
“A taxa de sucesso ronda os 80%”, acrescenta Paulo Fonseca, que reforça a necessidade de reclamar. “Faz-nos pensar nas outras situações em que os consumidores não reclamam e, se estimarmos o valor global dos prejuízos para os consumidores, faz-nos pensar em grandes números”, conclui.