A Liga de Bombeiros exigiu esta sexta-feira a abertura de um inquérito à distribuição de kits antifumo que, na verdade, não são eficazes para evitar a inalação de fumo em incêndios.
No âmbito do programa de autoproteção "Aldeias Seguras", foram distribuídas 70 mil golas antifumo que, afinal, não cumprem o propósito de proteção individual. À Renascença, o presidente da Liga de Bombeiros diz que a Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI) tem de apurar responsabilidades neste caso.
"O responsável por esse processo deve ser efetivamente levado às consequências", defende Jaime Marta Soares. "O senhor ministro da Administração Interna deve mandar fazer um inquérito, através do departamento que tem à sua disposição que é a IGAI, e depois a pessoa que efetivamente foi negligente incorre em processo disciplinar, é isso que tem de se fazer."
Em reação à notícia avançada hoje pelo "Jornal de Notícias", a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil veio reconhecer que o material, num gasto total de 125 mil euros, não serve no âmbito do combate aos incêndios, sublinhando que pretende apenas sensibilizar a população para boas práticas em caso de fogos florestais.
Face à explicação, Marta Soares fala em "desculpas esfarrapadas" que deveriam ser evitadas pela Proteção Civil.
"A Autoridade não deve agora vir com desculpas esfarrapadas, deve imediatamente dizer às pessoas que houve um engano, que houve um erro em relação ao material que compunha esse kit que vai ser imediatamente corrigido, e pronto, as pessoas com certeza compreenderão", sublinha o presidente da Liga de Bombeiros.
Nas mesmas declarações à Renascença, Marta Soares critica a atitude da Proteção Civil em dizer que o equipamento não é para ser usado em cenário de fogos florestais.
"Vir com este tipo de atitudes, como se nada fosse, [dizer que] o equipamento não é para combate? Claro que não é para combate, mas é um kit de proteção. Ora, um kit de proteção para proteger do fumo que se mete na boca, para que não se entre em intoxicação, ser inflamável, quer dizer, não se morre da doença morre-se da cura."
O fornecedor dos kits já esclareceu que a encomenda foi tratada como material de "merchandising", ou seja, apenas para efeitos promocionais, uma versão confirmada pela Proteção Civil, que fala em material de informação e sensibilização.