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O primeiro camião carregado com combustível saiu esta segunda-feira, às 20h00, da refinaria de Sines, distrito de Setúbal, conduzido por um militar e escoltado por uma viatura da GNR, pouco tempo após ter sido decretada a requisição civil.
A viatura saiu sob forte protesto do piquete de greve, composto por cerca de 30 trabalhadores de matérias perigosas e carga geral, que desde as 5h00 de segunda-feira se mantém na ponte que dá acesso à refinaria de Sines da Petrogal, de onde não saíram camiões durante a tarde.
"Foram cumpridos alguns serviços, mas não na totalidade. De manhã saíram uns cinco ou seis camiões de gasolina e gasóleo e outros tantos de gás natural. À tarde não saíram camiões", disse à agência Lusa Carlos Bonito, coordenador do sul do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP).
Minutos depois de o primeiro camião ter saído da refinaria, outros seguiram em fila, escoltados pelas autoridades.
"Eram 9h00 da manhã e os militares já aí estavam para pegar nos carros, mas ficaram a aguardar que fosse decretada a requisição civil", adiantou.
Numa primeira reação à requisição civil decretada pelo Governo, ao final do dia, que visa Sines, por não estar a cumprir os serviços mínimos, o dirigente lamentou que "a situação tenha chegado a este ponto" e disse ver com tristeza este desfecho.
"Não queríamos que isto chegasse a este ponto. Não é bom para as empresas, nem para os clientes e tudo por uma teimosia de alguém", lamentou.
De acordo com o coordenador, os trabalhadores vão permanecer na principal rotunda do Complexo Industrial de Sines, que dá acesso às principais empresas, como a refinaria de Sines, "até receberem indicações" dos dirigentes nacionais.
"Vamos permanecer aqui mais um pouco, mas muitos de nós têm de ir descansar porque podemos ter de ir trabalhar amanhã devido à requisição civil, caso contrário estamos a infringir a lei", frisou.
Por dia, da refinaria de Sines da Petrogal "saem entre 60 a 70 camiões" por dia.
O Governo decretou hoje a requisição civil dos motoristas em greve, alegando incumprimento dos serviços mínimos, anunciou o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, após reunião do executivo por via eletrónica.
A resolução do Conselho de Ministros que procede à requisição civil dos motoristas em situação de greve "será complementada por duas portarias", explicou o governante, Tiago Antunes.
"Uma delas irá efetivar em concreto a requisição civil apenas na áreas e serviços nos quais até ao momento se identificou o incumprimento de serviços mínimos, em particular o abastecimento da zona sul do país a partir de Sines, o abastecimento da REPA, o abastecimento dos aeroportos e o abastecimento das unidades autónomas de gás natural", detalhou.
A outra portaria, segundo Tiago Antunes, "irá estabelecer os termos em que se efetiva a intervenção das Forças Armadas no âmbito desta requisição civil".
Os motoristas cumprem hoje o primeiro dia de uma greve marcada por tempo indeterminado e com o objetivo de reivindicar junto da associação patronal Antram o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.
A greve foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), tendo-se também associado à paralisação o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN).