A presidente executiva do Pingo Doce defendeu esta quinta-feira que o IVA sobre os alimentos já devia ter sido reduzido há um ano. Se o Governo avançar com a medida, promete que será refletida na totalidade no preço final, com Isabel Ferreira Pinto a garantir que não será absorvida na margem de lucro.
São declarações um dia depois do primeiro-ministro anunciar no Parlamento que pondera descer o IVA nos bens essenciais, desde que o retalho se comprometa a descer os preços.
A CEO do Pingo Doce desmente ainda que, em Espanha, a descida do IVA não tenha tido impacto junto dos consumidores. Isabel Ferreira Pinto garante que “devido a essa diminuição do IVA, os preços subiram menos do que subiram em Portugal”.
Descida de preços no 2.º semestre
As famílias não devem contar com um regresso aos preços do passado. Ainda assim, o presidente executivo do grupo Jerónimo Martins acredita que o segundo semestre deste ano será melhor.
De acordo com Pedro Soares dos Santos, “vamos ter uma redução (dos preços), potencialmente mais substancial, nunca aos valores anteriores, porque os custos já cá estão. Já estamos a ver os primeiros sinais na área dos vegetais e dos frescos”.
"Estado foi quem mais beneficiou com a inflação"
O líder de um dos maiores retalhistas do país, o Grupo Jerónimo Martins, recusa responsabilidades do setor da distribuição na inflação alimentar. Segundo Pedro Soares dos Santos, é uma “grande mentira”.
O CEO acrescenta que o "Estado foi quem mais beneficiou com a inflação e quem menos fez pelas pessoas" e lamentou as declarações do Ministro da Economia, que classifica de “muito infelizes, de quem anda um bocado fora do mundo real”. Diz acreditar que “o Governo, pressionado por toda esta contestação social que está a acontecer, procure desviar atenções e foi o que fizeram e depois utilizaram a ASAE para o espetáculo”.
Pedro Soares dos Santos comentou ainda a criação da contribuição sobre lucros extraordinários sobre o setor, que deverão contestar. O valor apurado para o grupo Jerónimo Martins não chega a 700 mil euros, dos quais 200 mil são relativos ao Pingo Doce.
São declarações um dia depois de o grupo ter apresentado os resultados de 2022, com lucros de 590 milhões de euros, o que representa um crescimento de 27,5% face ao ano anterior.