O Bloco de Esquerda (BE) está disponível a conversar sobre uma solução de Governo de esquerda que salve Portugal, afirmou esta segunda-feira a porta-voz do partido.
Catarina Martins, falava aos jornalistas após uma reunião da comissão política do BE, explica que basta que o PS abandone a redução da taxa social única (TSU), o congelamento das pensões e a facilitação dos despedimentos.
"Reitero hoje o que disse ainda antes da campanha eleitoral a António Costa. O Bloco de Esquerda cá está disponível para conversar sobre uma solução de Governo que salve Portugal bastando para isso que o PS aceite abandonar três ideias, que a nosso ver contrariam a possibilidade de mudança de ciclo", disse a dirigente do BE.
A porta-voz bloquista espera que "toda a gente esteja à altura da responsabilidade", apelando directamente ao PS e garantiu ter a certeza que a CDU "também estará presente e não faltará à chamada".
"Os partidos que tiveram três milhões de eleitores, que têm hoje mais de 50% dos deputados na Assembleia da República, fizeram a sua campanha prometendo uma ruptura com o ciclo da direita", recordou.
Fonte oficial da CDU disse, entretanto, à Renascença que o Partido Comunista só analisará os resultados eleitorais na reunião do Comité Central, agendada para esta terça-feira.
Catarina Martins criticou ainda aquilo que considerou fazer parte das "decisões apressadas do Presidente da República", que terça-feira vai já ouvir o líder da coligação PSD/CDS-PP, Pedro Passos Coelho, considerando que "manda o respeito institucional que o Presidente da República não tomasse estas acções antes de estarem contados os votos dos emigrantes".
O discurso "ambíguo" de Costa
Na opinião da deputada do BE, "António Costa teve uma declaração no mínimo ambígua após os resultados eleitorais", reiterando por isso aquilo que o partido disse na pré-campanha, porque "será trágico que as forças que se bateram contra a direita nas eleições não tenham agora a capacidade de estar à altura das soluções de Governo que o país exige".
Catarina Martins considera que as três linhas vermelhas do partido são "propostas concretas, simples" e o "início de uma conversa que o país precisa para ter novas soluções", respondendo que os bloquistas já disseram o que era essencial para uma conversação e que aguarda agora que o PS diga alguma coisa.
"O PS vai reunir amanhã [terça-feira]. Fica claro hoje que a disponibilidade que o Bloco anunciou em tempo de pré-campanha eleitoral é a mesma que anuncia hoje. Cá estamos para que o país tenha soluções", disse, atirando assim a bola de novo para o lado socialista.
Catarina Martins foi peremptória: "O BE é a terceira força política do Parlamento. Não fará nenhum entendimento com a direita, mas não faltará aos compromissos para soluções que rompam com a austeridade e é bom que toda a gente diga com quem é que conversa".
Questionada pelos jornalistas sobre se houve algum encontro com o PCP sobre esta matéria, a bloquista recordou que há posições públicas que se conhecem que são coincidentes entre os dois partidos e que não foram feitas reuniões nestes dias.
"Há três milhões de eleitores que escolheram outra coisa, que são a maioria no parlamento, que têm a maioria dos deputados e das deputadas e será estranho que essa maioria não encontre a capacidade de diálogo e se ponha na posição de uma oposição maioritária a um Governo de minoria. Isso sim seria instabilidade", reiterou.
[notícia actualizada às 23h30]