Setenta quilómetros. Esta é a distância que as grávidas em Portimão vão ter que percorrer para ser atendidas no Algarve. Isto porque as urgências de ginecologia e obstetrícia do Hospital de Portimão vão encerrar durante uma semana e espera-se que só voltem a abrir na próxima segunda-feira.
A solução apresentada é o Hospital de Faro e tudo isto pela falta de pediatras para assegurar o apoio à maternidade e ao bloco de partos.
"Neste momento temos poucos pediatras em idade de fazer urgência e alguns até estão de baixa. Não temos conseguido preencher cabalmente as nossas necessidades de pediatria", afirma o diretor clínico do Hospital de Faro.
Horácio Guerreiro explicou à Renascença que só em casos de extrema urgência as grávidas poderão ser atendidas em Portimão.
Ainda assim a indicação é que as utentes se dirijam diretamente para Faro e para tal foi pedido ao INEM que facilite nos transportes.
A questão é que há dias foi noticiado o facto de estarem ambulâncias retidas no Hospital de Faro devido à falta de macas, mas sobre isso deixa uma garantia: "Estamos a fazer de tudo a nível do nosso serviço de urgência para libertar de imediato as ambulâncias para que essa situação não se ponha. Tentaremos resolver da melhor forma, o Hospital também adquiriu ambulâncias", garante Horácio Guerreiro.
O Centro Hospitalar e Universitário do Algarve tem 24 pediatras em Faro e oito em Portimão, mas são precisos mais profissionais. Foi conseguida alguma colaboração por parte de outros hospitais do país, mas não é suficiente.
"Não há pediatras no mercado para contratar. Aumentámos o preço pago a prestadores externos, aumentámos a majoração das horas extraordinárias aos nossos pediatras e criámos incentivos para que se desloquem de Faro a Portimão", afirma o diretor clínico do Hospital de Faro.
Também a genecologia e obstetrícia são especialidades carenciadas pois cerca de 50% do trabalho de urgência é assegurado pelos prestadores externos. Os números da pediatria preocupam ainda mais e não é um problema de agora. "A questão da pediatria é de há 20 anos pelo menos e da obstetrícia outro tanto. As carências da pediatria ao longo deste ano têm sido frequentes".
No Algarve tem sido feito um plano de investimento de recuperação do CHUA que prevê um hospital novo para criar melhores condições. Ainda assim, e acreditando que o Governo está consciente das dificuldades sentidas, Horácio Guerreiro faz um apelo: "Melhorar as condições remuneratórias, as condições de funcionamento, tem que se aumentar a eficiência e produtividade do Serviço Nacional de Saúde".
O diretor clínico do Hospital de Faro garante que querem evitar repetir esta medida, mas lamenta que possa voltar a acontecer. Seja uma questão de horas ou de dias.