Avelino Farinha, o dono da empresa de construção civil responsável pela quase totalidade das empreitadas de obras públicas na Madeira, é um dos três arguidos da operação policial na Madeira que viaja para Lisboa, onde vai ser ouvido em primeiro interrogatório judicial.
Topógrafo de formação, iniciou-se em 1979 no Gabinete de Apoio às Autarquias Locais e, depois de uma passagem pela Câmara da Calheta -de onde é natural - iniciou-se no mundo dos negócios aos 20 anos, em 1981, com o início da atividade do grupo AFA.
Em pouco mais de 40 anos, a empresa expandiu os seus negócios para países como Angola, Senegal, Mauritânia, Guiné Equatorial e Colômbia.
A construção e as obras públicas são, contudo, a ponta do icebergue numa empresa, no mínimo multifacetada nas suas áreas de intervenção, que, para além da construção, abrangem setores como a comunicação social, o turismo, a recolha de resíduos ou a aviação.
No mais recente confronto com a justiça, Avelino Farinha foi absolvido, há sete anos, num caso em que eram investigadas suspeitas de fraude fiscal.
O empresário estava acusado de utilizar faturas falsas, emitidas por empresários sem atividade conhecida, com o objetivo de reduzir a fatura de impostos a pagar ao Estado.
Contudo, o Tribunal de Instância Central da Comarca da Madeira considerou que não foi feita prova concreta em julgamento do crime do qual estava acusado.
Desta vez, Farinha volta a estar envolvido num caso com a justiça, com as adjudicações diretas ao grupo AFA na mira do Ministério Público, em particular as que envolvem a Câmara do Funchal e o autarca Pedro Calado, também ele detido na megaoperação policial desencadeada esta quarta-feira e que, de acordo com a Polícia Judiciária, investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poder e tráfico de influência.
Albuquerque é arguido
A Renascença confirmou junto da assessoria de imprensa do Governo Regional que Miguel Albuquerque é arguido no âmbito desta investigação.
Contudo, questionada sobre a possibilidade do líder madeirense seguir para Lisboa, a bordo de um dos aviões da Força Aérea, a fim de ser presente a juiz de instrução criminal, a mesma fonte diz não ter qualquer indicação de que tal aconteça, acrescentando que Albuquerque está a esta hora reunido com o Conselho de Governo.
Questionada pela Renascença esta quinta-feira, a Procuradoria-Geral da República não confirmou nem desmentiu essa condição de Albuquerque, remetendo tudo para o comunicado emitido na quarta-feira.
A casa do líder regional também foi alvo de buscas da Polícia Judiciária, mas Albuquerque garantiu que não se vai demitir, dizendo-se disponível para colaborar com a justiça no apuramento da verdade.
Notícia atualizada às 11h12