Os operadores do porto de Lisboa estão a retirar contentores que estão parados desde o início da greve dos estivadores, a 20 de Abril. A operação em Alcântara conta com apoio de agentes da PSP.
Fontes da Polícia de Segurança Pública e da Liscont confirmaram à Renascença que a operação de escolta está já a decorrer. Por temer a oposição dos estivadores em greve, a administração do porto de Lisboa pediu auxílio às autoridades.
Cerca de quatro dezenas de estivadores estão concentrados junto à entrada do Porto de Lisboa, em Alcântara, ladeados por dezenas de polícias.
No Porto de Lisboa entraram até às 9h00, três camiões para recolher contentores, mas o primeiro saiu vazio, perante o aplauso dos estivadores, enquanto um segundo, pelas 9h15, saiu carregado, tendo o motorista sido insultado pelos estivadores em greve. Este foi, esta manhã, um dos momentos de tensão dos estivadores, que se encontram há mais de um mês em protesto.
De acordo com António Mariano, presidente do Sindicato dos Estivadores, "o porto de Lisboa não tem serviços mínimos, o que constitui uma violação do direito à greve".
Os operadores do porto de Lisboa anunciaram na segunda-feira que estão em marcha os trâmites para o despedimento colectivo, baseado no facto de o porto estar paralisado há mais de um mês, devido ao protesto. A medida poderá abranger os 320 trabalhadores em greve.
A decisão foi tomada depois de, na sexta-feira, o Sindicato dos Estivadores ter recusado a proposta de acordo de paz social e para a celebração de um novo contrato colectivo de trabalho.
O Presidente da República realçou na segunda-feira a importância dos portos para as exportações portuguesas e vai informar-se sobre o anunciado despedimento colectivo no porto de Lisboa.
"Eu tenho à minha espera informação sobre essa matéria que, como sabem, se segue a uma greve de estivadores e agora à hipótese de realização de uma greve de trabalhadores portuários. Mas não tenho a informação ainda na minha mão. Eu vou ver o que se passa", declarou Marcelo Rebelo de Sousa, em resposta aos jornalistas.
Já o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, não compreende "a passividade do Governo" no conflito dos estivadores e pediu para evitar consequências negativas como o anunciado despedimento colectivo. Segundo Passos Coelho, o executivo podia ter adoptado medidas políticas, inclusive a requisição civil, para evitar que o problema "chegasse tão longe".
Segundo a edição desta terça-feira do "Jornal de Negócios", há contentores parados no Porto de Lisboa, com produtos que, não sendo bens alimentares deterioráveis, têm prazo curto de validade.
Greve prolongada
O Governo fixou serviços mínimos para assegurar a movimentação de cargas destinadas aos Açores e Madeira e operações de carga ou descarga de mercadorias deterioráveis e de matérias-primas para alimentação.
A última fase de sucessivos períodos de greve, que se iniciou há três anos e meio, arrancou a 20 de Abril, com os estivadores do Porto de Lisboa em greve a todo o trabalho suplementar em qualquer navio ou terminal, recusando trabalhar além do turno, aos fins-de-semana e dias feriados.
De acordo com o último pré-aviso, a greve vai prolongar-se até 16 de Junho.
A greve tem sido prolongada através de sucessivos pré-avisos, devido à falta de entendimento entre estivadores e operadores portuários sobre o novo contrato colectivo de trabalho.