O presidente da Liga Portuguesa contra o Cancro está preocupado com os tempos de espera nas primeiras consultas e com os atrasos nas cirurgias oncológicas nos hospitais públicos.
Segundo a Entidade Reguladora da Saúde (ERS), cerca de 19% dos doentes com cancro que foram operados em hospitais públicos, nos primeiros seis meses do ano passado, foram atendidos com tempos de espera acima do estabelecido na lei.
De acordo com a análise da ERS sobre os tempos de espera no Serviço Nacional de Saúde, nas primeiras consultas de oncologia, os tempos de espera também foram ultrapassados com valores entre os 60% e os 70% superiores ao estabelecido na legislação.
Para o presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro, a situação é preocupante e não passa apenas pelo sistema, mas também para os doentes que aguardam a primeira consulta.
“Estamos a criar um problema para o próprio SNS, mas, acima de tudo, para as pessoas”, salientou Francisco Cavaleiro de Ferreira.
Por um lado, trata-se da “resposta àquilo que é a necessidade imediata das pessoas para poder aumentar a sua qualidade de vida e a sobrevivência” e, por outro, estamos “a criar um problema para o futuro das pessoas e para o futuro do sistema nacional de Saúde, porque quando temos esses tempos de espera numa primeira consulta, naturalmente, todo o processo se vai atrasar”, explicou Francisco Cavaleiro de Ferreira.
Para o presidente da Liga, “se todo o processo se vai atrasar, as consequências vão ser mais graves.”
Excluindo as áreas cardíaca e oncológica, no primeiro semestre de 2023 foram realizadas, nos hospitais públicos, 668.565 primeiras consultas de especialidade hospitalar a pedido dos cuidados de saúde primários, o que significa um aumento de 14% face ao período homólogo de 2022.