Um grupo de 16 jovens do Projeto Sementes da Pastoral Universitária da Arquidiocese de Braga parte no dia 14 e 15 de julho em missão para a ilha da Madeira.
O projeto de voluntariado de curta duração, iniciado em 2014, é promovido em países africanos de língua portuguesa em vias de desenvolvimento, mas este ano a pandemia trocou as voltas aos voluntários que, impossibilitados de realizar a missão em África, decidiram abraçar o desafio de partir para os concelhos de Câmara de Lobos e da Calheta.
“Teve que ser, mas acreditamos que, num futuro próximo, voltaremos ao nosso objetivo final que é fazer missão em África, mas, enquanto não podemos, queremos ter um papel ativo na sociedade e desta forma é que encontramos esta solução”, conta à Renascença a coordenadora do projeto, Maria Amorim.
A estudante de 22 anos, do 4º ano de psicologia, adianta que na Madeira, os universitários vão trabalhar durante três semanas “com a comunidade toda em si, sendo que são duas comunidades que vão muito ao encontro ao que procuramos e que têm muitos idosos em isolamento, em situação de maior precariedade, também devido à situação pandémica e que a família não visita com tanta frequência”.
“Vamos tentar ser esse intermediário, fazer essas pessoas felizes. Também levamos algumas atividades e algumas ideias preparadas para outros públicos, nomeadamente as crianças e os jovens de Curral das Freiras, em Câmara de Lobos e Prazeres, na Calheta”, acrescenta.
Os jovens partem em dois grupos e acreditam que, apesar das barreiras impostas pela pandemia, vão “fazer a diferença”.
“A presença física, só o facto de estarmos lá já, fazemos muito a diferença. Uma simples conversa num dia de uma pessoa e de um idoso, já é bastante gratificante. Nós acreditamos que, mesmo com todas as barreiras que possam existir, que a nossa missão será bem conseguida”, assinala Maria Amorim.
A jovem realizou a sua primeira missão em 2017 e repetiu a experiência em 2018. Ambas as missões foram realizadas na ilha de Santiago, em Cabo Verde, durante o verão. Quase a partir para a Madeira, refere “alguma ansiedade e muito entusiamo”, assinalando ser “muito gratificante, ao fim de um ano tão atípico, poder voltar ao terreno”.
“Sei que nenhuma missão é igual à outra e, para mais, este ano, que será um conceito completamente diferente àquilo a que estou acostumada. Mas é muito entusiasmo ao mesmo tempo, porque podemos voltar ao terreno, porque é algo que chama os jovens, quando participam neste projeto”, sublinha à Renascença.
O grupo de voluntários/missionários é constituído por estudantes universitários de várias áreas e escolas das universidades de Braga e Porto.
O projeto Sementes distingue-se de muitos outros, porque tem um caminho de preparação de mais ou menos nove meses, durante o qual os jovens desenvolvem um conjunto de ações que os leva a refletir sobre as diversas dimensões de um projeto missionário: a importância do serviço, do reconhecimento do outro e da comunidade, da dimensão cristã e da cooperação para o desenvolvimento.
“Todas as atividades desenvolvidas pretendem fortalecer este caminho de formação, tanto ao nível da consciência do que é ser missão, ouvindo partilhas de outros jovens que fizeram o projeto; da dimensão cristã que define o próprio projeto, participando num encontro espiritual e fazendo uma caminhada de conhecimento do modelo de vida de Cristo; da experiência e compromisso de voluntariado, fazendo voluntariado numa instituição local, ao longo do percurso de formação”, completa Maria Amorim.
A coordenadora do projeto esclarece ainda que, além da formação, os jovens voluntários participam também na preparação logística das próprias missões, através de ações de angariação de fundos para a sustentabilidade das mesmas, nomeadamente com atividades como crownfdunding, caminhadas solidárias, venda de rifas, dinamização de ações de rua, de ‘quiz online’ ou de donativos angariados em empresas que apoiam o projeto.
O Projeto Sementes conta já com sete missões em Cabo Verde e na Guiné-Bissau, nas quais participaram cerca de 150 jovens.