O presidente executivo (CEO) da Ryanair, Michael O’Leary, defendeu hoje que o Governo que sair das eleições de janeiro deve “parar de desperdiçar dinheiro” com o “projeto falhado” do resgate da TAP.
“Qualquer que seja o Governo eleito, esperamos que, em primeiro lugar, pare de desperdiçar dinheiro que devia destinar-se a escolas, hospitais, professores e enfermeiros num projeto falhado, como o resgate da TAP”, defendeu o responsável da companhia aérea de baixo custo irlandesa, numa conferência de imprensa, em Lisboa.
Em segundo lugar, a Ryanair apelou ao Governo português para que force a companhia aérea portuguesa a libertar ‘slots’ (autorizações para descolar e aterrar num determinado período de tempo) no aeroporto de Lisboa.
“Podemos recuperar rotas, tráfego e postos de trabalho no verão de 2022 se o Governo simplesmente disser à TAP ‘não há mais ajudas de Estado, se não libertarem os slots. Se não vão usá-los, libertem-nos!”, sublinhou Michael O’Leary.
Para o responsável, o plano de reestruturação da TAP, que ainda aguarda ‘luz verde’ da Comissão Europeia, “nunca vai acontecer”, e considerou que os “rumores” sobre o interesse da Turkish Airlines na companhia portuguesa, avançado hoje pelo Negócios, “não pode acontecer, porque não são uma companhia da União Europeia” e nestes casos não podem ter uma posição maioritária na companhia aérea.
A Ryanair insistiu que o Governo português deve introduzir um esquema de recuperação da companhia de bandeira que não seja discriminatório para as outras companhias.
A companhia anunciou 17 novas rotas em Portugal, para o próximo verão, onde passará a ter cinco bases e 28 aeronaves. Segundo Michael O’Leary, há oportunidade para crescer rapidamente em Portugal, uma vez que os seus concorrentes estão a “encolher”.
A Ryanair está atualmente a treinar 700 novos pilotos e tem 1.300 à espera de começar o treino em janeiro.
Na semana passada, a companhia aérea irlandesa apresentou a sua nova base na Madeira, onde vai disponibilizar 350 mil lugares em 10 rotas com ligação àquela região autónoma em 2022, entre as quais Lisboa e Porto.
Questionado sobre declarações anteriores em que afirmou que a Ryanair não voava para a Madeira porque a taxa aeroportuária era muito alta, Michael O’Leary disse que a companhia mudou de ideias.