O antigo primeiro-ministro chinês Li Peng, que liderou a "ala dura" do Governo durante os protestos de Tiananmen, em 1989, morreu na noite de segunda-feira aos 90 anos, de doença não especificada, informou esta terça-feira a agência Xinhua.
Li Peng ocupou o cargo de primeiro-ministro da China entre 1987 e 1998 e foi responsável por ordenar o exército a colocar fim aos protestos que ocupavam a praça de Tiananmen, em Pequim, com a aprovação do então Presidente, Deng Xiaoping. A ordem dada marcou o seu percurso político, tendo sido apelidado por ativistas como "Carniceiro de Pequim".
O Massacre de Tiananmen, movimento liderado por estudantes contra o regime comunista, ainda é atualmente um assunto tabu na China e até hoje nunca foi esclarecido quantas foram as vítimas do avanço dos militares. Há quem refira a morte de 23 estudantes e 300 militares, mas há quem assegure que o número de vítimas mortais pode ter chegado às três mil pessoas.
Li Peng era visto como um político aguerrido, que passou duas décadas no topo da hierarquia política chinesa, antes de se aposentar em 2002, deixando um legado de crescimento económico, aliado a um autoritário controlo político.
Embora tenha ficado muito desacreditado internacionalmente com os incidentes dos protestos de Tiananmen, o seu nome ficou também ligado ao ressurgimento da China, após um longo período de isolamento diplomático e económico.
"Livrando-se da situação de intimidação imperialista, humilhação e opressão, o povo chinês (...) soube levantar-se", disse Li, em 1995, num discurso comemorativo do aniversário da revolução de 1949.
Durante os seus últimos anos no poder, Li aprovou o seu projeto de estimação: a gigantesca e controversa barragem das Três Gargantas, no Rio Yangtze, que obrigou 1,3 milhão de pessoas a deixarem o país, depois de as suas casas terem ficado submersas.
Li deixou o cargo de primeiro-ministro em 1998, tornando-se presidente do Congresso Nacional do Povo, o parlamento da China.
Li aposentou-se do Comité Permanente do partido, composto por sete membros, em 2002, como parte de uma transferência do poder para uma nova geração de líderes, liderada por Hu Jintao.
Nos seus últimos anos, Li raramente aparecia em público, e geralmente era visto apenas em reuniões oficiais destinadas a mostrar unidade do regime, como aconteceu em 2007, no 80º aniversário da fundação do Exército Popular de Libertação.