Na aviação o vento de proa é o mais indicado para aterrar e descolar por permitir um ganho de sustentação antecipado, se comparado com o vento de cauda.
Os manuais também sugerem menor distância de pista para descolagem e maior razão de subida, mas são omissos quanto a ventos do quadrante norte, porque o posicionamento da pista pode variar.
Mas, ao contrário das leis da aviação, foi uma forte rajada de vento político com origem a Norte que levou a TAP a rever o plano de voos dos próximos meses para não ignorar o principal aeroporto do noroeste peninsular.
A comissão executiva recuou e disse pretender um “serviço mais próximo a partir de todos os aeroportos nacionais onde a TAP opera”, sem, contudo, esclarecer a desproporção abismal entre as rotas com origem em Lisboa e as que descolam do Porto.
Em causa esteve o dado objectivo da TAP ter incluído só três ligações a partir do Aeroporto Sá Carneiro (Paris, Luxemburgo e Funchal) nos planos de voos para os meses de junho e julho.
O vento norte das críticas ao plano inicial soprou forte de todos os pontos cardeais, desde Marcelo Rebelo de Sousa a António Costa, Rui Rio e Rui Moreira passando por um empenhado exército de autarcas, empresários e dirigentes associativos.
Rui Moreira acusou a TAP de “impor um confinamento ao Porto e ao Norte” e Rui Rio disse que a TAP estava a assumir-se como uma transportadora aérea regional confinada à antiga província da Estremadura e, como tal, não podia ter os apoios de uma empresa estratégica nacional.
A censura veio também do Algarve (Faro só tem uma ligação diária à Portela) e até de Lisboa. “O plano tem de ser profundamente reformulado com mais ligações ao Porto, Faro e Funchal, libertando assim a capacidade de Lisboa para tráfego de interesse turístico em vez de concentrar toda a operação no hub da Portela”, defendeu Vítor Costa, presidente da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa.
Em agonia financeira e “encostada à parede por uma batalha liderada pelo Norte” o Expresso escreve que a TAP espera auxílio em junho. O jornal diz que podem ser necessários 1,2 mil milhões de euros para superar a maior crise em 75 anos de existência. As negociações para o resgate da TAP (o novo Novo Banco?) prosseguem ainda mais a norte, em Bruxelas com a Comissão Europeia.
O ‘factor Norte’ na crise da TAP e o novo “plano Marshall” da UE para o pós-Covid19 são temas analisados por Nuno Botelho, empresário, líder da ACP, Miguel Alves, presidente do CRN – Conselho Regional do Norte e Luís Coimbra, engenheiro aeronáutico e ex-presidente da NAV.