No “Economic Outlook”, publicado esta terça-feira, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) contraria as previsões do Governo para este e para o próximo ano.
O ministro Mário Centeno previa um défice 0,2% este ano, mas a organização agrava a perspetiva e antecipa que Portugal fecha 2019 com 0,5% de défice.
Quanto a 2020, o ano do défice zero antecipado pelo Ministério das Finanças, poderá afinal ter um défice de 0,2% do Produto Interno Bruto.
O mesmo relatório estima que o crescimento do PIB seja de 1,8% em 2019 e de 1,9% em 2020. Já o Programa de Estabilidade entregue na Assembleia da República aponta para 1,9% de crescimento.
Deixa, contudo, uma chamada de atenção para o abrandamento das exportações. Lembra que têm sido os fatores internos a suportar a expansão do PIB, mas que a contração da economia dos parceiros comerciais de Portugal terá impacto nas exportações portuguesas.
A organização liderada por Ángel Gurría destaca ainda que a atual regulação em alguns setores, incluindo serviços e transportes, deveria sofrer alterações, assim como aconselha reformas no sistema judicial e uma maior aposta na orientação vocacional.
Sobe previsão para Zona Euro
A OCDE melhorou a previsão de crescimento para 2019, para 1,2%, duas décimas acima da anterior estimativa, mas antecipa que a incerteza política e as tensões comerciais vão continuar a penalizar as exportações e o investimento.
Em março, na atualização intercalar das suas previsões económicas (‘Interim Economic Outlook’), a OCDE tinha descido para 1% a expansão da economia da zona euro.
A OCDE antecipa que a Alemanha cresça 0,7% este ano, enquanto o PIB de Itália deve estagnar e o do Reino Unido crescer 1,2% este ano (acima dos 0,8% projetados em março).
Para 2020, a organização também melhorou em duas décimas a estimativa para a evolução da economia da zona euro, para 1,4%.
E a OCDE indica ainda que um ‘Brexit’ (saída do Reino Unido da União Europeia) desordenado também colocará pressão acrescida sobre a evolução económica, com os países com maiores ligações ao Reino Unido a serem mais atingidos.
De igual modo, um abrandamento maior que o esperado nas economias emergentes reduziria a procura externa e poderia provocar instabilidade financeira.