O escritor brasileiro Itamar Vieira Júnior é o Prémio Leya 2018, com o romance “Torto Arado”.
No comunicado distribuído aos jornalistas, o júri, que foi presidido por Manuel Alegre, afirma que a narrativa de Itamar Vieira Júnior "encontra um plano alegórico sem entrar num estilo barroco, que ganha contornos universais".
A "solidez da construção, o equilíbrio da narrativa e a forma como aborda o universo rural do Brasil" foram outras das razões destacadas para a escolha do romance.
O júri referiu ainda a ênfase que a narrativa do autor coloca "nas figuras femininas, na sua liberdade e na violência exercida sobre o corpo num contexto dominado pela sociedade patriarcal".
Gosta de escrever à noite
Itamar Vieira Júnior tem 39 anos e nasceu em Salvador da Bahia, em 1979. Diz que costuma escrever depois do entardecer, a partir das 18h00. “Nos dias de grande furor chego à madrugada escrevendo”, confessa ao site “Como eu escrevo”.
O escritor brasileiro revela ainda que gosta de meditar antes de começar a escrever “para acalmar meu corpo e mente do stresse diário. Dez minutos são suficientes para repor minhas energias e começar a trabalhar”.
Além disso, “tem dias” em que lê “um pouco antes de escrever: poesia, romance” ou outro”.
Além de escritor, Itamar Vieira Júnior é geógrafo, colunista da “São Paulo Review” e doutorado em Estudos Étnicos e Africanos.
Entre as obras já editadas estão “Dias” (um livro de contos) e “A oração do carrasco”.
Prémio atribuído por unanimidade
A concurso estiveram 348 originais, provenientes de 13 países, mas com Portugal e Brasil a dominar. Espanha, França, Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos, China e até mesmo da Islândia são outras nacionalidades concorrentes.
Depois da saída do escritor angolano Pepetela e dos críticos brasileiros José Castelo e Rita Chaves, o júri surge este ano com novos elementos: Ana Paula Tavares, jornalista; Isabel Lucas, crítica literária portuguesa; e Paulo Werneck, editor, jornalista e tradutor brasileiro.
Presidido pelo poeta Manuel Alegre, o júri é ainda constituído por Lourenço do Rosário, professor de Letras e antigo reitor da Universidade Politécnica de Maputo, José Carlos Seabra Pereira, professor de Literatura Portuguesa na Universidade de Coimbra, e Nuno Júdice, poeta e escritor.
O Prémio Leya é a maior distinção literária para romances inéditos no mundo da língua portuguesa. O vencedor recebe 100 mil euros e este ano recebeu o voto unânime do júri.
O Prémio comemora este ano uma década de existência. Durante este período, já premiou e deu a conhecer ao mundo romances como “O Rastro do Jaguar” (Murilo Carvalho, 2008), “O Olho de Hertzog” (João Paulo Borges Coelho, 2009), “O Teu Rosto Será o Ultimo” (João Ricardo Pedro, 2011), “Debaixo de Algum Céu” (Nuno Camarneiro, 2012), “Uma Outra Voz” (Gabriela Ruivo Trindade, 2013), “O Meu Irmão” (Afonso Reis Cabral, 2014), “O Coro dos Defuntos” (António Tavares, 2015) e “Os Loucos da Rua Mazur” (João Pinto Coelho, 2017).