Guerra na Ucrânia. Irão disposto a dialogar com Kiev após alegações "infundadas" sobre 'drones'
18-10-2022 - 21:33
 • Lusa

Nos últimos dias, Kiev denunciou por diversas vezes a utilização pela Rússia de 'drones' de fabrico iraniano, em particular os Shahed 136 'kamizake', para atacar infraestruturas energéticas civis na Ucrânia.

O Irão declara-se disposto a dialogar com Kiev para clarificar as alegações "sem fundamento" sobre o fornecimento à Rússia por Teerão de armas e 'drones' utilizados na ofensiva russa contra a Ucrânia.

Kiev e os seus aliados ocidentais acusaram a Rússia de utilizar nas últimas semanas 'drones' (aeronaves não tripuladas) de fabrico iraniano para efetuar ataques na Ucrânia.

Esta terça-feira, o Kremlin afirmou não ter conhecimento da utilização dessas armas pelo Exército russo.

Ao considerar tais afirmações "sem fundamento" e "baseadas em falsas informações", o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Nasser Kanani, assegurou hoje, num comunicado, que "o Irão está pronto para negociar e discutir com a Ucrânia para solucionar estas acusações".

"As afirmações segundo as quais a República Islâmica envia armas, incluindo 'drones' de combate, para serem utilizadas na guerra na Ucrânia" são "falsas", declarou o ministério.

Após diversos ataques dos chamados 'drones' 'kamikaze' sobre Kiev, a Ucrânia pediu na segunda-feira à União Europeia (UE) que impusesse novas sanções a Teerão.

Hoje, o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, sugeriu ao Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a rutura das relações diplomáticas com o Irão.

Segundo Kuleba, Teerão forneceu 'drones' iranianos à Rússia "dizendo-nos que é contra a guerra e que não apoia nenhuma das partes".

Nos últimos dias, Kiev denunciou por diversas vezes a utilização pela Rússia de 'drones' de fabrico iraniano, em particular os Shahed 136 'kamizake', para atacar infraestruturas energéticas civis na Ucrânia.

Para justificar a sua proposta a Zelensky, o chefe da diplomacia ucraniana sublinhou ainda "o surgimento de relatórios sobre o possível fornecimento de armas pelo Irão à Rússia", e após a publicação de artigos em diversos 'media' que apontam a entrega para breve de mísseis iranianos terra-terra às tropas de Moscovo.

O ministério iraniano considerou que as alegações sobre os fornecimentos de armamento se inserem numa "intencional instauração, com objetivos políticos e pelos 'media' de certos países, de um clima" hostil a Teerão.

"A República Islâmica, desde o início do conflito, sempre sublinhou a necessidade de pôr termo e resolver os diferendos por meios pacíficos", acrescentou o porta-voz.

Em setembro, a Ucrânia já tinha reduzido a presença diplomática iraniana no país, em represália por alegadas entregas de armamento de Teerão a Moscovo.