O antigo ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes defende maior critério na despesa com medicamentos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), perante o risco de comprometer o acesso a outras áreas dos cuidados aos utentes.
No dia em que se sabe que, nos primeiros seis meses do ano, os hospitais gastaram 993 milhões de euros em fármacos, o que representa um aumento de mais de 12% face que em igual período de 2022, Campos Fernandes explica que esta tendência “é agravada pela chegada, cada vez mais intensa, de medicamentos inovadores e de fórmulas terapêuticas, algumas delas disruptivas” ao país.
“Isto é muito importante para os clientes”, sublinha, em declarações à Renascença, apontando, no entanto, que "alguns países da União Europeia, muito mais ricos do que Portugal, têm uma abordagem deste setor muito mais racional”.
“Num país envelhecido e pobre, gastar um euro que seja a mais, por falta de critério, pode prejudicar o acesso a outras áreas, não apenas do medicamento, mas também nos cuidados em geral."
Adalberto Campos Fernandes sublinha que “a pandemia foi um flagelo para o país e retirou tudo aquilo que era um processo de controlo e de monitorização”. Por isso, insiste o ex-ministro, agora “tem que haver racionalidade, tem que haver critério, tem que haver controlo, porque, de uma forma geral, os Estados não produzem medicamentos inovadores e estão, por isso, reféns de uma indústria que é muito poderosa, que tem uma capacidade muito forte de penetração no sistema de saúde”.