O ministro das Finanças, Mário Centeno, considera que Portugal demonstrou que cumpre os seus compromissos e os números da execução orçamental confirmam que "algumas vozes no Eurogrupo andaram durante o ano de 2016 muito enganadas".
Em declarações aos jornalistas à saída de uma reunião de ministros das Finanças da zona euro, na qual Comissão Europeia e Banco Central Europeu deram conta das conclusões da quinta missão de monitorização pós-programa (realizada em Portugal no final do ano passado), Centeno observou que "os números estão aí", para demonstrar que, ao contrário do que alguns vaticinavam, Portugal está no bom caminho, "com um défice sustentadamente abaixo dos 3%", o limiar inscrito no Pacto de Estabilidade e Crescimento, e a cumprir as metas com que se comprometeu.
"Eu acho que neste momento surpresa (com os dados da execução orçamental) provavelmente já não (há), mas houve seguramente a confirmação de que algumas vozes no Eurogrupo andaram durante o ano de 2016 muito enganadas", disse o ministro, acrescentando que sublinhou durante a reunião a necessidade de, no futuro, todos os intervenientes - sem referir ninguém em concreto - serem mais comedidos nos seus comentários.
Segundo Centeno, "mais (grave) do que andar enganados neste mundo em que a comunicação é um factor chave, é o impacto que esses enganos têm noutras pessoas e noutras instituições".
"Eu acho que fiz ver muito claramente nesta reunião que é muito importante que a comunicação melhore, que a utilização da informação melhore, que a análise que é feita sobre as políticas e aquilo que são as decisões dos países seja feita de forma um pouco menos apaixonada, mais racional no sentido daquilo que se quer, do seu conteúdo formal".
Centeno reiterou que o actual Governo entrou em funções "numa situação em que os níveis de confiança internos e externos face a Portugal estavam em grande queda", e que "o ano de 2016 foi um ano de consolidação de uma recuperação económica mas também nos níveis de confiança".
"Neste momento, os números estão aí, eles provam que os compromissos que assumimos eram sérios, tinham bases para ser implementados", disse, reforçando que os dados da execução orçamental, "tal como já foi anunciado pelo Governo e hoje reiterado, cumprirá todas as metas", incluindo "um défice que não será superior a 2,3% do PIB".
"Nós mantemos sempre os compromissos. E mostrámos de forma muito evidente a determinação do país em cumprir os seus compromissos. Durante o ano de 2016 houve dúvidas lançadas sobre a capacidade do país em cumprir. Pois o país mostrou que cumpre", concluiu.
Governo está a tomar "as medidas adequadas"
O presidente do Eurogrupo considerou, em Bruxelas, que a volatilidade dos mercados sublinha a necessidade de Portugal prosseguir uma agenda de reformas e reforçar o sector bancário, mas manifestou-se convicto de que o Governo está a tomar "as medidas adequadas".
Questionado durante a conferência de imprensa final da reunião do Eurogrupo sobre o aumento das taxas de juro da dívida pública portuguesa, Jeroen Dijsselboem apontou que o assunto não foi discutido de forma detalhada mas foi registado "o facto de haver alguma volatilidade" dos mercados.
"Penso que (essa volatilidade) sublinha uma vez mais a necessidade de Portugal fazer avançar a agenda de reformas, com a qual disseram estar comprometidos, e de dar mais passos para reforçar o sector bancário, o que está a ser feito neste momento. Penso, portanto, que estão a tomar as medidas adequadas", disse.
O comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, disse partilhar a opinião do presidente do Eurogrupo, no final de uma reunião que tinha como um dos pontos em agenda as conclusões da quinta missão de monitorização pós-programa realizada em Portugal no final de 2016.
"Analisámos a situação com um olhar construtivo e tomámos nota dos compromissos claros assumidos por Mário Centeno, com quem me encontrarei amanhã [sexta-feira] à tarde, num encontro bilateral", afirmou o comissário francês.