Joe Berardo não se considera devedor a ninguém nem se mostra minimamente preocupado com a acção de execução contra si interposta pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) no valor de 2,9 milhões de euros.
Em declarações à Renascença, enquanto esperava pelo jogo de futebol Besiktas – Benfica, o empresário disse que só teme quem deve e que esse não é o seu caso.
Joe Berardo lembra que “ninguém está livre” de problemas, mas deixa o caso e a sua defesa nas mãos dos seus advogados.
Questionado sobre o que vai fazer para tentar evitar o pagamento dos 2,9 milhões de euros à CGD, o comendador pergunta: “Quanto é?” e explica que o seu advogado “está a tratar” da situação.
O empresário madeirense, proprietário de uma vasta colecção de arte contemporânea, garante que o seu património não fica em causa e argumenta que não deve nada. “Não. Com 2,9 milhões, não [risos]. Qual verba? A pessoa só paga se está a dever. Não me considero devedor a ninguém”, sublinha.
No início de Setembro foi noticiado que a Caixa avançou para tribunal para tentar recuperar 2,9 milhões de euros emprestados a Joe Berardo há cerca de uma dezena de anos para comprar acções do BCP.
"Faço isto em nome da cultura"
Joe Berardo assinou esta quarta-feira um protocolo com o Estado português e a fundação CCB, que estabelece que a sua colecção irá ficar no Centro Cultural de Belém pelo menos até 2022.
Em declarações à Renascença, lamenta que a colecção não esteja num espaço seu, apesar de reconhecer que o Centro Cultural de Belém é uma boa montra.
“Eu queria fazer de outra maneira, mas compreendo que, politicamente, era mais difícil fazer como eu gostava. Temos que ceder na vida para chegar a uma solução de equilíbrio para os dois lados. Como faço isto para o bem da cultura… Por exemplo, tenho outros cinco museus sem apoio nenhum do Governo, aí quem manda sou eu. Aqui não é o caso. Aqui é a parte de um lugar para Lisboa que é muito bom”, refere o coleccionador.
O coleccionador Joe Berardo teve de fazer "algumas cedências" no novo acordo com o Governo, como as entradas passarem a ser pagas.
Os preços dos bilhetes e a manutenção ou renovação da equipa do museu deverão ser questões a analisar pelo conselho de administração da Fundação Berardo até ao final do ano.
O Museu Berardo abriu em Junho de 2007 com um acervo inicial de 862 obras da colecção de arte do empresário avaliadas um ano antes em 316 milhões de euros pela leiloeira internacional Christie's.