O arcebispo de Braga alerta na sua mensagem da Quaresma 2020 “para o lamentável fenómeno da violência”, desafiando as comunidades católicas a fazer da preparação para a Páscoa um “tempo para levantar-se e semear a esperança”
“Parece que já não conseguimos evitá-la [violência] na família, nas escolas, nos ambientes profissionais e no mundo da saúde. Muitos solicitam a segurança das forças policiais”, constata D. Jorge Ortiga, no documento publicado no sítio online da Arquidiocese de Braga.
Neste contexto, o arcebispo primaz lembra que a Igreja apresenta “uma doutrina e uma vida alicerçada no amor”, pautada pela aceitação da diferença e “marcada pela permanente exigência do perdão”.
“Este é um caminho preventivo e educativo, mas ambos são necessários! Apenas quando construímos a sociedade a partir de dentro garantimos resultados positivos”, observa.
D. Jorge Ortiga explica que a Quaresma é um tempo para “levantar-se e semear a esperança, transformando a vida através do conhecimento doutrinal, renovando a vida eclesial e praticando um profetismo social”.
À diocese propõe que as três dimensões – “conhecimento, radicalidade, profetismo” – façam parte da caminhada quaresmal e assinala que de cada uma “deve emergir um conjunto de iniciativas”.
“Quaresma, tempo de profetismo social. A Igreja não é uma casa fechada. Deve ter as portas abertas para conhecer e amar o mundo”, explica na terceira proposta, onde afirma que “não” se podem “ter medo de denunciar, de incomodar, de propor alternativas”.
Sobre a primeira dimensão assinala que “só o conhecimento doutrinal motivará para o que importa ser”, a Quaresma é “tempo de transformação pessoal” e a Palavra de Deus “é sempre acutilante, não deixa nada igual e transforma interiormente”.
“Nunca conseguiremos a renovação da Igreja e do mundo sem homens e mulheres tocados pela novidade do Evangelho”, observa.
Já na segunda proposta, D. Jorge Ortiga destaca que a Quaresma é “tempo de renovação eclesial” e faz a “entusiasmante pergunta”: “Que rosto queremos para a Igreja, hoje, aqui e agora?”
“A solução está nas mãos de cada um. Mais do que nunca precisamos de radicalidade nas opções e nas atitudes”, explica, assinalando que se respira e testemunha “insatisfação”.
Na sua mensagem para a Quaresma, o arcebispo de Braga afirma que, “no meio de tantas transformações sociais”, este tempo litúrgico “deve continuar a ser um tempo forte, um tempo favorável”, quando o ritmo da vida “continua, infelizmente, a ser avassalador”.
“Para ressuscitar teremos de sair do habitual, da rotina dos dias sempre iguais e do raquitismo espiritual”, escreveu no documento publicado no sítio online da Arquidiocese de Braga.
A Quaresma é um tempo de 40 dias que tem início com a celebração de Cinzas, este ano a 26 de fevereiro, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão.