Carlos Moedas. AD vence eleições ou Portugal volta a "regime de partido único"
28-02-2024 - 23:07
 • Lusa

Autarca de Lisboa diz que é preciso "salvar a democracia" das políticas socialistas e acusou o PS de ter criado "o caos" e agora querer "diabolizar todos quantos falem sobre imigração".

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O presidente da Câmara Municipal de Lisboa defende que só uma vitória da AD nas próximas legislativas pode evitar que, nos 50 anos do 25 de Abril, Portugal volte "a um regime de partido único".

Carlos Moedas discursou esta quarta-feira no comício da campanha da Aliança Democrática, em Évora, e dramatizou a decisão que os eleitores terão de tomar no próximo dia 10 de março, considerando que "mais do que uma escolha de projetos, é um momento de escolha para esta geração".

"A mera hipótese de o PS ganhar eleições significa o falhanço total do sistema de alternância democrática que fundámos no 25 de Abril", afirmou.

Para Moedas, uma vitória do PS - que disse estar certo que não acontecerá - "seria a destruição do sistema, porque "a alternativa ao PS não pode ser um PS alternativo", mas a AD.

"Só assim podemos salvar a alternância democrática, só assim podemos evitar que, 50 anos depois do 25 de Abril, voltemos a um regime de partido único, nós não queremos isso, Portugal não terá isso porque a AD vai ganhar", salientou.

Na sua intervenção, o autarca lisboeta voltou a trazer o tema da imigração à campanha da AD, acusando o PS de ter criado "o caos" e agora querer "diabolizar todos quantos falem sobre imigração".

"É por isso que precisamos de olhar para a imigração com responsabilidade e dizer: para recebermos com dignidade os imigrantes, então temos de garantir que eles têm as condições para viver em Portugal. Nós precisamos deles, mas com dignidade, a AD tem de falar nisto", defendeu.

"Nós não falamos dos assuntos que o PS quer que falemos, nós falamos do que preocupa os portugueses!", acrescentou.

Moedas começou a sua intervenção "com uma palavra de repúdio" pelo episódio que marcou hoje a campanha da AD, quando um ativista atingiu Luís Montenegro com tinta verde, à entrada para a Bolsa de Turismo de Lisboa.

"É um ataque grave à democracia. Quem o fez não está interessado em combater as alterações climáticas, quem o fez foi por razões cobardes e políticas", acusou.

Moedas, que foi eleito deputado por Beja em 2011, acusou o PS de não ser honesto com as pessoas e ter deixado de ser "um partido confiável", apontando como exemplos as falhas nas políticas de habitação ou as acusações à AD de querer cortar pensões, e de fazer uma campanha pela negativa, dizendo "a AD é o diabo e vai fazer mal às pessoas".

"Eles têm medo que a AD venha trazer uma vida melhor às pessoas, se tiverem uma vida melhor não votam neles e votam em nós", disse.

Moedas apelou a que os portugueses escolham "a honestidade e não a desonestidade, fazer e não fingir que se faz, a competência e não a incompetência, a moderação e não o radicalismo". "Vamos ganhar com muita força", vaticinou.

Antes, o líder do CDS-PP, Nuno Melo, apontou Carlos Moedas como "o exemplo da AD que já venceu" nas autárquicas de Lisboa.

"Significa o melhor desta coligação que funciona impecavelmente todos os dias", disse, num dia em que foi notícia a defesa pelo dirigente do CDS-PP Paulo Núncio de um novo referendo sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez, que foi rapidamente afastado quer por Nuno Melo quer por Luís Montenegro.

O líder do CDS-PP centrou hoje o seu discurso na importância da agricultura para a AD e voltou a contestar que o Chega - sem dizer o nome -- possa ser classificado como um partido da direita.

"Partidos que defendem mais taxas, mais impostos e mais Estado, aquilo não é direita, quem é de direita tem de dar uma oportunidade a Luís Montenegro", apelou.

Antes do comício, Moedas encontrou-se com o presidente do PSD no final de um contacto de rua em Évora já ao anoitecer e, com Nuno Melo, os três subiram ao palco a cantar animadamente o hino da AD, que diz que "Luís Montenegro é a esperança".

Durante pouco mais de meia hora a caravana da AD percorreu uma pequena distância no centro de Évora, já com pouca gente na rua para lá dos apoiantes, com os líderes do PSD e do CDS-PP a entrarem em algumas lojas apertadas, sempre rodeados de muitas câmaras televisivas e cânticos e música de colunas das "jotas" do PSD e da AD, que tornam quase impossível perceber as trocas de palavras com as pessoas.

No círculo de Évora, que elege três deputados, o PSD conseguiu um em 2022 e o PS dois, recuperando o que tinha perdido em 2019 para a CDU e a AD volta a apostar em Sónia Ramos para cabeça de lista.