A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, apelou este sábado a um "sobressalto" cívico em prol da habitação em Portugal e defendeu o controle dos preços para baixar o valor pago pelas casas.
"Este modelo de economia de miséria está presente em todo o país e é por isso que é preciso um sobressalto de todo o país, para exigir essa sensatez de tratar as pessoas com dignidade", disse Catarina Martins, intervindo em Coimbra no encerramento da sessão "Casas para Morar -- Controlar as Rendas, Combater a Especulação".
Na mesma ocasião, perante cerca de 80 militantes e simpatizantes do Bloco, de vários pontos da região Centro, a líder bloquista defendeu, entre outros argumentos, que as soluções "não podem ser as mesmas", porque o mercado da habitação "tem preços absurdos" e o Bloco quer preços que as pessoas "que aqui trabalham podem pagar".
Nesse sentido, Catarina Martins frisou que a "reivindicação primeira, neste momento", passa pelo controlo de preços "para baixar os preços no mercado da habitação".
A coordenadora do BE lembrou ainda o que disse ser a "solidariedade" do país, concretamente aquela em que as gerações mais velhas "fazem tudo para apoiar os mais novos" em tempos de crise, com pais e avós já com uma vida estabilizada a apoiarem filhos e netos, recusando que a questão da habitação, nos dias de hoje, seja uma questão de "geração contra geração".
Catarina Martins afirmou ainda que o BE "olha com muito entusiasmo" para a manifestação em defesa da habitação, cuja convocação, para dia 01 de abril, está em curso em vários locais do país.
"Anúncios vazios [numa alusão às medidas do Governo] não esvaziam reivindicações concretas. E tenho a certeza que no dia 01 de abril, quem não quer que o direito à habitação não seja uma mentira estará na rua", enfatizou.
Na abertura da sessão, a deputada Mariana Mortágua lembrou as medidas para o setor da habitação anunciadas pelo Governo, para considerar que o executivo liderado por António Costa "tem feito muita propaganda com esse pacote de habitação". .
"Até diria mais, [diria] que se fala mais sobre a propaganda do pacote, do que sobre as medidas que estão nesse pacote de habitação", acusou Mariana Mortágua.