O Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa acusou esta sexta-feira “hierarquias” da câmara lisboeta de “ameaças” e “tentativas de limitar a participação” dos funcionários da higiene urbana nas paralisações realizadas esta semana.
“Houve tentativas de limitar a participação [nas paralisações] com ameaças”, denunciou o dirigente sindical Luís Dias, dando como exemplo a exclusão dos profissionais em protesto da possibilidade de fazerem o trabalho extraordinário que “normalmente o serviço exige durante a semana”, dada “a carência enorme de trabalhadores”.
Em declarações à agência Lusa, via telefone, Luís Dias recordou que uma das razões que levou os trabalhadores a convocarem paralisações de duas horas em todos os horários de trabalho, durante uma semana, prende-se com “questões do assédio laboral, dos castigos informais” por parte das “hierarquias” de serviço (Direção Municipal de Higiene Urbana e Departamento de Higiene Urbana).
“Houve algumas tentativas” para “limitar (…) as pessoas de exercerem os seus direitos sindicais, as suas liberdades”, disse, adiantando que o sindicato tem relatado esses casos ao executivo municipal liderado por Carlos Moedas (coligação Novos Tempos, que junta PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança).
“Ficam sempre muito admirados com esta realidade”, descreve, frisando que “boas palavras” não chegam.
A Lusa pediu uma reação à Câmara Municipal de Lisboa, que, até ao momento, não respondeu às acusações.
“Há muitas respostas que a Câmara tem que dar. Tem havido uma desvalorização dos muitos problemas que nós temos sistematicamente colocado, quer a nível hierárquico, da direção municipal, do departamento, da divisão, quer também a nível do executivo. Não é com simpatias e solidariedades apenas na teoria que as coisas se resolvem”, realça Luís Dias.
O dirigente sindical adianta que as referidas tentativas das chefias foram “frustradas” pela participação dos trabalhadores nas paralisações de duas horas, em todos os horários de trabalho, realizadas entre segunda e sexta-feira desta semana.
A adesão tem sido “muito expressiva”, frisou, remetendo o balanço final para segunda-feira, dado que hoje à noite ainda se vão realizar paralisações.
Mas, dada a ausência de “respostas” por parte da Câmara de Lisboa a “problemas, vários, muitos e conhecidos” – o caderno reivindicativo foi entregue há um ano a Carlos Moedas –, o sindicato admitiu recorrer à greve.
“Há já um plano para continuar a luta destes trabalhadores caso as coisas se mantenham como estão”, referiu, acrescentando que “todas as formas de luta estão em cima da mesa (…) e entre elas a greve”.
“As pessoas começam a ficar (…) muito cansadas, muito saturadas e sem perspetivas de resolução”, disse.
Sabendo que a Câmara de Lisboa tem contratado nos últimos tempos, o dirigente sindical realçou que o número de trabalhadores continua “muito aquém” das “exigências que hoje a limpeza urbana comporta”.
Outro dos problemas são as “instalações (…) do século passado”, com o sindicato a reivindicar que é preciso “criar novas” infraestruturas.
“Vai aumentando a exigência da cidade, vai aumentando a produção de lixo na cidade. É necessário mais trabalhadores, mas eles têm de ter um sítio onde ficar, obrigatoriamente, e isso não tem sido acautelado devidamente”, considerou Luís Dias.
O dirigente sindical referiu ainda que há trabalhadores que tiveram acidentes de trabalho e já estão ao serviço sem estarem “totalmente aptos”.
Esses funcionários “vão trabalhar com limitações de vária ordem”, colocando em risco a sua saúde e “degradando a qualidade do serviço público”, alertou.