As forças armadas da Rússia intensificaram esta terça-feira a pressão sobre as linhas defensivas militares ucranianas que estão a defender a capital Kiev.
O Ministério dos Negócio Estrangeiros aconselhou os cidadãos portugueses que ainda se encontrem em Kiev a procurar sair "com a maior cautela", se tiverem oportunidade, ou a manter-se abrigados, dada a degradação das condições de segurança.
Os primeiros sinais foram dados pela manhã, quando foi noticiado que uma coluna militar de tropas e veículos, com dezenas de quilómetros, se aproximava da região.
Segundo as imagens transmitidas pela norte-americana Maxar Technologies Inc, a coluna inclui veículos blindados, tanques, artilharia rebocada e veículos de apoio logístico.
Ao final da tarde, um alto funcionário da Defesa dos Estados Unidos, citados pelo jornal britânico The Guardian, garantia que o avanço russo em Kiev “estagnou” enquanto suas forças enfrentam desafios logísticos, incluindo a escassez de alimentos para algumas unidades.
O progresso russo em direção à capital ucraniana permanece “basicamente onde estava ontem”, indicou a mesma fonte, que referiu várias razões possíveis, como a resistência ucraniana ou uma mera opção estratégica.
O Ministério da Defesa russo avisou, esta terça-feira, que vai lançar ataques seletivos contra alvos em Kiev e pediu à população que abandonasse a cidade.
A Rússia vai prosseguir a "operação militar especial" iniciada na Ucrânia na passada quinta-feira "até alcançar os seus objetivos", declarou o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigú.
A torre de televisão de Kiev foi bombardeada esta terça-feira à tarde e os canais ucranianos deixaram de emitir.
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que esta terça-feira discursou por videochamada no Parlamento Europeu, denunciou que o ataque provocou pelo menos cinco mortos.
Zelensky disse que o bombardeamento russo aconteceu junto ao local de um dos maiores massacres de judeus e civis, cometido pelos nazis durante a II Guerra Mundial.
"Para o mundo: qual é o sentido de dizer 'nunca mais' por 80 anos, se o mundo fica em silêncio quando uma bomba cai no mesmo local de Babyn Yar? Pelo menos 5 mortos. A História repete-se", escreveu Zelensky na rede social Twitter.
Perante o avanço da força militar da Rússia, os jornalistas portugueses começaram a deixar a cidade de Kiev por falta de condições de segurança, relatou a repórter da RTP Cândida Pinto.
No sexto dia da invasão russa da Ucrânia, um ataque aéreo sobre a praça central de Kharkiv, cidade de 1,4 milhões de pessoas, perto da fronteira com a Rússia, atingiu a sede da administração regional, disse o governador Oleg Sinegubov num vídeo no Telegram que mostra a explosão.
Pelo menos 10 pessoas morreram e mais de 20 ficaram feridas nessa explosão, de acordo com os serviços de emergência da Ucrânia, que deu conta de um outro ataque, a um edifício residencial, que deixou oito mortos e seis feridos.
Os bombardeamentos russos em Kharkiv "violam as leis da guerra", afirmou o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell.
Entretanto, mais de 600 mil pessoas já saíram da Ucrânia nos últimos dias em fuga da guerra, de acordo com as Nações Unidas. A Polónia já recebeu cerca de 280 mil refugiados. O enviado especial da Renascença José Pedro Frazão esteve esta terça-feira na zona da fronteira com a Ucrânia, onde acompanhou o drama de quem teve que deixar tudo para trás e o trabalho das organizações humanitárias.