A lógica da educação não é fazer negócio e as Universidades Católicas não se podem limitar-se a fornecer títulos académicos, disse esta sexta-feira o Papa.
Ao receber uma delegação da Federação Internacional das Universidades Católicas, presidida pela portuguesa Isabel Capeloa Gil, actual reitora da Universidade Católica Portuguesa, o Santo Padre denunciou alguns riscos que estas instituições enfrentam. “Num tempo em que a educação se torna infelizmente um 'business' e grandes fundos económicos sem rosto investem nas escolas e nas universidades, como fazem na bolsa de valores, as instituições da Igreja devem demonstrar que têm uma natureza diferente e que se movem segundo outra lógica”, afirmou.
Francisco não quer que as Universidades Católicas se reduzam ao funcionalismo e burocracia porque “não basta atribuir títulos académicos: é preciso despertar e salvaguardar em cada pessoa o desejo de ser; não basta modelar carreiras competitivas: é preciso promover a descoberta de vocações fecundas, inspirar percursos de vida autênticos e integrar o contributo de todos na dinâmica criativa da comunidade”, disse. “Certamente precisamos pensar na inteligência artificial, mas também na inteligência espiritual, sem a qual o homem permanece um estranho para si mesmo”.
Além disso, estas instituições não podem ceder ao medo, porque “o medo devora a alma”, nem fechar-se “dentro dos seus muros, como numa bolha social segura para evitar riscos ou desafios culturais, nem virar as costas à complexidade da realidade por parecer um caminho mais confiável. Isso é mera ilusão!”, alertou. Uma Universidade Católica “deve fazer escolhas que reflitam o Evangelho” e demonstrá-lo com suas ações, de forma clara; ou seja, deve “sujar as mãos evangelicamente na transformação do mundo e no serviço da pessoa humana”, aconselhou o Papa.
Por fim, Francisco pediu ajuda às Universidades Católicas para, neste momento histórico, iluminarem as aspirações humanas mais profundas “com as razões da inteligência e as razões da esperança” e, assim, ajudar a Igreja a “conduzir diálogos sem medo sobre as principais questões contemporâneas”, numa linguagem aberta às novas gerações e aos novos tempos e, com a riqueza da inspiração cristã, bem como, “identificar as novas fronteiras do pensamento, da ciência e da tecnologia e habitá-las com equilíbrio e sabedoria”.