O relatório de uma auditoria interna da Autoridade Nacional de Proteção Civil aos trabalhos do combate ao fogo de Pedrógão Grande, em 2017, indica que houve documentos apagados ou destruídos.
A notícia é avançada pelo “Público”. Segundo o jornal, que teve acesso ao relatório da auditoria feita pela Direção Nacional de Auditoria e Fiscalização da ANPC, a organização inicial do combate ao incêndio teve falhas graves, sendo que os auditores se depararam com a inexistência de provas documentais sobre o trabalho de combate ao fogo.
Segundo os auditores que fizeram o relatório sobre o desempenho dos seus agentes no combate ao fogo de junho do ano passado, toda a investigação se deparou com “limitações na obtenção de elementos de prova”, informação que “pode tornar-se vital” para a avaliação posterior, nomeadamente ao nível da responsabilidade disciplinar e criminal.
Em causa, refere o “Público”, estão todos os documentos que são produzidos no posto de comando de um incêndio, desde os planos de situação aos planos estratégicos de ataque, e todas as informações das três células de qualquer posto de comando (logística, planeamento e operações). “Não foi possível aceder a um único SITAC [quadro de situação táctica], a um único Quadro de Informação de Células, ou a um PEA [Plano Estratégico de Ação]", lê-se no documento.
"Todos estes documentos haviam sido apagados dos quadros das VCOC e VPCC [viaturas de comunicação], ou destruídos os documentos em papel que os suportaram", acrescenta.
De acordo com o jornal, o relatório adianta que houve uma total desorganização no combate inicial ao incêndio, que esteve sob responsabilidade do comandante dos bombeiros de Pedrógão Grande, Augusto Arnaut.
O documento diz que nas primeiras três horas do fogo, é descrito um caos, com demora na chegada de veículos de comunicação e na sua localização, por não haver rede no local inicial, e passagens de trabalho por via informal.
Terão ainda sido notadas discrepâncias nos relatos sobre o momento em que foram distribuídas as responsabilidades pelas células de combate e sobre quando foi feita a sectorização do teatro de operações.
O primeiro posto de comando era uma mesa, com quatro cadeiras, e um computador emprestado por um dos bombeiros "com o Google Earth aberto".
A mesma notícia indica que o relatório, pedido pela então ministra Constança Urbano de Sousa, foi recebido já pelo atual responsável da pasta – Eduardo Cabrita – em meados de novembro, mas este nunca o divulgou.