Mariana Vieira da Silva. PS deve apoiar candidato que "alargue o seu espaço político"
27-11-2024 - 07:30
 • José Pedro Frazão

A antiga ministra defende que o Partido Socialista tem que ter tempo para "saber um pouco mais sobre os candidatos" antes de fazer uma escolha. Vieira da Silva elogia o trabalho de Gouveia e Melo na pandemia, mas desconhece o seu pensamento político.

A antiga ministra socialista Mariana Vieira da Silva defende que o PS deve apoiar um candidato presidencial que permita ir além do seu espaço partidário.

No programa "Casa Comum", da Renascença, a deputada do PS diz que "é cedo para falar de nomes", argumentando que o Partido Socialista precisa de ter tempo para fazer a melhor escolha.

"Raras vezes os partidos tentam ter personalidades que possam ir além do seu espaço partidário. Esse é o desafio principal para o meu partido: em vez de compartimentar, alargar. Esse é o compromisso e o objetivo. E é para isso que precisamos de tempo para que a Direção Nacional do Partido Socialista possa fazer o seu trabalho e as suas escolhas", afirma Mariana Vieira da Silva na Renascença.

A vice-presidente da bancada parlamentar socialista não quer debater nomes de candidatos. "É bom que existam pessoas disponíveis para serem candidatos", afirma Vieira da Silva, que argumenta que para decidir quem apoia, o PS "deve saber um pouco mais do que nós sabemos hoje sobre quem são os potenciais candidatos".

Evitar fraturas do passado

Mariana Vieira da Silva assinala que este é o tempo da ponderação de perfis de candidatos pelos próprios partidos.

"Para escolhermos um candidato para o Partido Socialista apoiar, não devemos precipitar as decisões, nem deixar que se tomem sozinhas", observa a deputada do PS, ressalvando que as presidenciais "não são as eleições seguintes".

Mariana Vieira da Silva concorda que o PS deve apoiar uma "candidatura vencedora" que permita "alargar a esfera de ação" do partido e também para evitar a repetição de erros do passado.

" Em presidenciais anteriores, não correu particularmente bem, porque tínhamos muitos candidatos e o Partido Socialista dividiu-se. Para conseguir algo mais, ou seja, ter um candidato que o PS apoia, essa decisão deve ser ponderada", defende Vieira da Silva.

O risco de fratura no campo socialista "não se evita um ano antes, apoiando um candidato", sustenta a antiga ministra. "Pelo contrário, evita-se, deixando o tempo correr, ver que candidatos estão disponíveis".

Gouveia e Melo conhecido e desconhecido

A dirigente socialista fala em "eleições difíceis" por representarem "a primeira rotura geracional com a geração dos fundadores da nossa democracia", no âmbito de eleições presidenciais.

Como ministra da Presidência no Governo de António Costa, Mariana Vieira da Silva trabalhou de forma muito próxima com o Almirante Gouveia e Melo no processo de vacinação para a COVID19.

A deputada socialista reconhece "o mérito e as competências que demonstrou" e sublinha que nada mais sabe do que tem sido publicado na imprensa. Mas contrapõe que uma candidatura à Presidente da República "implica um compromisso mais alargado sobre muitas áreas em que nós objetivamente não conhecemos o posicionamento nem o pensamento do Almirante Gouveia e Melo".