Assunção Cristas perguntou este sábado ao primeiro-ministro se mantém as declarações enviadas ao Parlamento sobre o caso de Tancos, em que assumiu que o ex-ministro Azeredo Lopes sempre lhe prestou todas as informações relevantes, e pede que as mesmas sejam enviadas ao Ministério Público, para que haja uma investigação e se determine se houve "falsas declarações".
O primeiro-ministro disse então que Azeredo Lopes "desempenhou com lealdade as funções de ministro da Defesa Nacional", transmitindo "sempre, em todos assuntos, a informação que considerou relevante" ou a solicitada. Uma resposta de Costa que "agora não serve", sublinha Cristas.
“Peço ao presidente da Assembleia da República, a quem cabe proteger a instituição parlamentar e não o partido, que todos as declarações prestadas em sede de comissão de defesa, bem como as do primeiro-ministro no Parlamento, sejam enviadas para o Ministério Público”, declarou.
Em conferência de imprensa na sede nacional do partido, em Lisboa, a líder do CDS solicitou ainda uma nova comissão de inquérito ao assunto, tendo sido na sequência de uma primeira comissão que o primeiro-ministro enviou respostas por escrito sobre o desaparecimento e achamento das armas.
Os centristas vão igualmente viabilizar e participar "ativamente" numa reunião da comissão permanente na Assembleia da República para analisar o caso, proposta pelo PSD e que poderá assim acontecer antes das eleições legislativas de 6 de outubro.
Costa chamado a público para esclarecer o caso
Depois da acusação pelo Ministério Público de Azeredo Lopes, o "assunto está longe de estar esclarecido" e a presidente do CDS desafiou, uma vez mais, o primeiro-ministro a, "de uma vez por todas, vir esclarecê-lo".
"É muito importante que seja esclarecido se houve ou não falsas declarações com relevância para este processo", afirmou Cristas, que não tem dúvidas de que houve declarações contraditórias entre Azeredo e Costa em todo o processo do furto de material militar do paiol de Tancos, em 2017.
Para o CDS, "tudo indica que o ministro [Azeredo Lopes] não só soube do 'achamento', mas participou ativamente em todo o processo de encobrimento, desobedecendo a uma ordem da PGR [Procuradoria-Geral da República] - de cujo protesto da PGR o primeiro-ministro assumiu que teve conhecimento".
Por fim, às esquerdas, “que tudo fizeram para branquear
e ocultar as responsabilidades já apuradas” na primeira comissão de
inquérito, a dirigente centrista deixa um desafio: que esclareçam “se estão ou não
disponíveis para mudar o seu comportamento numa próxima comissão parlamentar de
inquérito”, para “efetivamente apurar e assume a verdade”.