A Rússia vai ajudar a organizar a retirada de civis da zona de Kherson, no sul da Ucrânia, após um pedido da administração russa de ocupação na região, perante a contra-ofensiva das forças de Kiev.
"Atendendo ao apelo do chefe da região de Kherson, Vladimir Saldo, o Governo decidiu ajudar a saída dos habitantes da zona para outras partes do país", anunciou o vice-primeiro-ministro, Marat Khousnullin, em declarações à estação estatal televisiva russa.
"Vamos fornecer a todos alojamento gratuito e tudo o que for necessário", prometeu Khousnullin, sem indicar o número de pessoas afetadas.
No início do dia, as autoridades russas de ocupação na região de Kherson tinham pedido a Moscovo para organizar a retirada de civis deste território anexado pela Rússia no final de setembro e que tem sido alvo de uma contra-ofensiva por parte do exército ucraniano.
"Nós sugerimos que todos os moradores da região de Kherson que querem proteger-se de ataques de mísseis (ucranianos) possam ir para outras" regiões russas, escreveu o chefe da administração regional de ocupação, na rede social Telegram.
"Peguem nos vossos filhos e saiam", pediu o responsável russo, num vídeo divulgado nas redes sociais, sentado atrás de uma mesa, com a bandeira russa nas costas.
Os habitantes serão transportados para as regiões russas próximas de Kherson, como a península da Crimeia, anexada por Moscovo em 2014, e as regiões de Rostov, Krasnodar e Stavropol, no sul da Rússia.
Este anúncio surge horas depois de o exército ucraniano ter anunciado a recaptura de cinco localidades da região, após já ter reivindicado, na quarta-feira, a reconquista de outros cinco municípios.
Há várias semanas, o exército ucraniano tem realizado uma contra-ofensiva neste território no sul da Ucrânia, anexado por Moscovo no final de setembro, reclamando a recaptura de uma zona com mais de 400 quilómetros quadrados.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,5 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.