O antigo secretário de Estado dos Transportes, Carlos Correia da Fonseca, referiu durante a Operação Marquês que o atual presidente do Tribunal de Contas (TdC) esteve presente em reuniões para encontrar "solução" para o chumbo do comboio de alta velocidade (TGV) durante o Governo de José Sócrates.
À data, José Tavares era o secretário-geral do TdC. Ontem, quarta-feira, tomou posse como juiz presidente da instituição, substituindo Vítor Caldeira, que cumpriu um mandato de quatro anos.
De acordo com a revista "Sábado", que consultou os autos da Operação Marquês, José Tavares deu pistas ao Governo Sócrates sobre como contornar e resolver as solicitações do Tribunal de Contas sobre o projeto do TGV, ainda antes de o regulador deliberar sobre a concessão ou não do visto.
Esta é a segunda polémica a envolver José Tavares. O novo presidente do TdC também foi referido no inquérito das Parcerias Público-Privadas (PPP), como um elemento de ligação entre a instituição fiscalizadora do Estado e o Governo - uma notícia que foi avançada esta semana pelo jornal online "Observador".
José Tavares assume a presidência do Tribunal de Contas num processo controverso, em que não foi renovado o mandato de Vítor Caldeira, dias depois de a instituição ter criticado as novas regras que o Governo pretende aplicar ao nível da contratação pública.
Esta quinta-feira, o líder do principal partido da oposição, Rui Rio, assumiu que preferia que Vítor Caldeira tivesse sido reconduzido no cargo, isto depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter feito questão de frisar ontem que a aprovação de José Tavares para substituir Caldeira contou com a "concordância muito importante" do líder do PSD.
Em declarações aos jornalistas, Rio também disse que tem "uma opinião muito positiva sobre o doutor José Tavares", que conhece "há mais de 15 anos".