Os partidos da oposição que integram a comissão parlamentar de inquérito à TAP repudiam as declarações que o líder parlamentar do PS fez na semana passada e pediram esta terça-feora ao presidente da comissão parlamentar de inquérito (CPI) para tomar uma posição.
Na sexta-feira, o líder parlamentar socialista acusou alguns grupos parlamentares, especialmente à direita, de serem os responsáveis pela fuga de informação do Parlamento.
Depois da audição de dois sindicatos de trabalhadores da TAP, o deputado do PSD Paulo Moniz pediu a palavra para condenar as declarações de Eurico Brilhante Dias e para pedir a Seguro Sanches que tome uma posição.
“Isto é absolutamente inadmissível, e o senhor, enquanto presidente da comissão, não enquanto deputado do grupo parlamentar do Partido Socialista, tem que formalmente responder a estas acusações graves do senhor deputado Eurico Brilhante Dias”, disse Paulo Moniz.
O deputado social-democrata pediu ainda a Seguro Sanches para pedir desculpas aos deputados da comissão, por ter deixado no ar a suspeição de que a fuga de informação recaía sobre a comissão de inquérito.
O PSD abriu as hostilidades que foram seguidas pelo Chega, Iniciativa Liberal e Bloco de Esquerda.
"Tentativa clara de descredibilizar"
Bernardo Blanco acusa o líder parlamentar socialista de estar a tentar descredibilizar a comissão que está a descobrir informação que põe em causa a atuação do Governo.
“E por isso lança-se aqui uma suspeição numa tentativa clara não só de descredibilizar, mas também de condicionar, porque sabemos, independentemente dos partidos, que a comissão realmente tem descoberto muitas coisas que põem o Governo em xeque”, diz Bernardo Blanco. “Aliás, estamos todos aqui a minutos de saber uma decisão importante, não é? E que tem obviamente a ver com aquilo que a comissão tem vindo a revelar”, afirmou Bernardo Blanco, acrescentou, em referência à reunião de António Costa e João Galamba.
O deputado da Iniciativa Liberal critica Eurico Brilhante Dias, mas pede também que o socialista Seguro Sanches, que preside à comissão, não deixe este assunto passar em claro.
"Ainda não vi e nem o senhor presidente, nem o deputado Eurico Brilhante Dias, virem falar de toda esta informação que saiu e a culpar o Governo, porque, nesse caso, a comissão não teve acesso a essa informação”, assegura Bernardo Blanco.
Declarações desacreditam o Parlamento
Mas as críticas não vieram apenas da direita, também o Bloco de Esquerda (BE) considera inaceitável que se lancem suspeitas genéricas.
Pedro Filipe Soares, que substituiu Mariana Mortágua na comissão, diz que afirmações como a de Eurico Brilhante Dias só servem para desacreditar o Parlamento.
“Não é aceitável fazer-se um conjunto de afirmações genéricas e de atribuições de culpas genéricas que, na verdade, servem para atirar lama para cima de todos, e não para qualquer tipo de esclarecimento, como aquelas que foram feitas na sexta-feira passada pelo senhor deputado Eurico Brilhante Dias”, afirmou Pedro Filipe Soares.
Apesar da insistência dos deputados, o presidente da comissão parlamentar de inquérito Jorge Seguro Sanches entende que o “ruído” e tudo o que se passa fora da comissão não deve ser alvo de comentários, para não ocupar os trabalhos da comissão.
“Se nós fossemos comentar e responder a tudo aquilo que se passa, todo o ruído que há, deixávamos de ter algum planeamento dos trabalhos e só respondíamos a tudo o que se passava fora da assembleia”, respondeu aos deputados.
O presidente da comissão parlamentar de inquérito à TAP lembrou que, na quinta-feira à noite, quando propôs que fosse feito um pedido ao presidente da Assembleia da República de uma investigação sumária sobre a fuga de informação, essa intervenção foi secundada por todos os deputados.