A saída do presidente da CP, Nuno Freitas, antes do termo do seu mandato, trouxe a lume problemas do sector público empresarial, e não só, que importa enfrentar.
Em entrevista ao “Público” Nuno Freitas lamentou o grave problema que a falta de “luz verde” (da parte do ministério das Finanças, presume-se) colocou à CP. Disse ele que, “para quem chega vindo do sector privado, é impossível não estranhar e fechar os olhos a tantas restrições, que acabam por dificultar o trabalho, impedindo que o mesmo se faça de forma eficiente”.
Nuno Freitas elogiou o apoio recebido do ministro da tutela, Pedro Nuno Santos. Este, por sua vez, reagiu com indignação a tais “restrições”, que levaram à saída do presidente da CP. E disse mesmo que, se estivesse dependente dele, P. N. Santos, estariam resolvidos problemas como a dívida histórica da CP ou as autorizações para compras fundamentais para o funcionamento da empresa.
Pedro Nuno Santos é considerado situar-se na ala esquerda do PS. Mas é honesto e frontal, não se deixando condicionar por preconceitos ideológicos. Por isso afirmou: “É muito difícil pedirmos a um grande gestor, um homem sério, com capacidade de trabalho e realização, que fique muito tempo numa empresa que não consegue ter um plano de atividades e um orçamento aprovados (...) e que demora meses para ter uma autorização para comprar umas rodas”.
As limitações de que sofrem as empresas públicas ficam assim evidenciadas. Não será apenas por motivos ideológicos que a direita política e empresarial critica a tendência fortemente estatizante do governo da A. Costa.
Por outro lado, o permanente travão que o ministro das Finanças coloca às despesas do Estado retira sentido útil às negociações em curso sobre o Orçamento do Estado para 2022. Poderão os partidos da “geringonça” ver aprovadas nesse documento despesas que consideram essenciais. Só que, se elas serão ou não executadas, dependerá da boa vontade do ministro das Finanças...