Portugal produz resíduos de plástico acima da média europeia, com uma fração a ir parar ainda a aterro, mas país tem potencial para várias alternativas sustentáveis, refere investigadora da Universidade de Aveiro.
“As embalagens de plástico em Portugal representam 8% dos resíduos. Cada habitante está a produzir cerca de 40,3 quilos por ano, acima da média da União Europeia. Precisamos de medidas para reduzir o consumo de plástico, porque, se os outros países conseguem, nós também vamos conseguir”, declara Joana Correia Prata, investigadora da Universidade de Aveiro.
O país continua a mandar diretamente “33% dos resíduos para aterro”, que é ainda “a forma dominante de tratamento dos resíduos em Portugal”, já que há também algum refugo de outras formas de tratamento de resíduos, como a reciclagem, que acabam por ir para aterro.
“Se considerarmos esse refugo, chegamos a 58% que estamos a enviar para aterro. Ainda é uma parte considerável”, considera. Isso acontece, no caso dos plásticos, com “material muito degradado”, que não pode ser reaproveitado, ou com “materiais que misturam vários tipos de plástico”.
Joana Prata admite que “é preciso muita regulação em termos de plástico, de aditivos”, reconhecendo que “a União Europeia está a fazer um esforço”, mas que “é muito difícil”.
“Há muitos plásticos diferentes, apesar das categorias de polímeros grandes, cada tipo de plástico tem uma mistura de aditivos que ninguém sabe muito bem o que é, é um segredo industrial de cada empresa. É muito difícil chegar a conclusões, porque o mercado é muito grande e há muita coisa. Mas sim, o ideal era conseguirmos regular e que fosse tudo reciclável”, concretiza.
No estudo “The road to sustainable use and waste management of plastics in Portugal”, (“O caminho para um uso e gestão sustentáveis dos plásticos em Portugal”, em tradução livre) publicado recentemente no jornal Frontiers of Environmental Science & Engineering, a equipa da Universidade de Aveiro fez uma revisão de literatura em que agrega “muita informação que estava dispersa e era facilmente acessível”.
A partir daí são tiradas “algumas conclusões sobre o que se estava a passar em Portugal”, explica a investigadora e sugeridas algumas soluções.
“Portugal importa muitos plásticos, e também exporta, maioritariamente da União Europeia. Esta reciclagem e valorização dos plásticos, a nível energético ou do material, traz muitos benefícios ecológicos e económicos”.
A investigadora destaca que, “se Portugal conseguisse valorizar esses resíduos, seria uma referência a nível europeu”.