"Aprovaram um disparate". Capucho acredita que partidos vão reapreciar lei de financiamento
28-12-2017 - 23:04
 • Henrique Cunha

Antigo dirigente social-democrata refere que se os partidos não o fizerem, será o Presidente da República a actuar nesta matéria.

António Capucho, antigo ministro dos assuntos parlamentares de Cavaco Silva, diz que os partidos vão ter de reapreciar a lei de financiamento.

“Só se tiverem enlouquecido é que não voltar ao início porque veja-se a reacção dos meios de comunicação social, a reacção das redes sociais, da população em geral e de toda a gentes e dos comentadores políticos que estão absolutamente indignados. Não apenas pelo conteúdo de parte apreciável da proposta, como o processo que foi utilizado que foi um pouquinho pela calada, para não dizer descaradamente pela calada da noite”, refere.

Em entrevista à Renascença, o ex-conselheiro de estado e ex-militante do PSD sugere que os partidos já começaram a dar sinais que apontam para um recuo.

“Apressadamente e precipitadamente aprovaram um disparate, na minha opinião. E agora têm de o corrigir. E a prova que o têm de corrigir é que todos eles estão a reagir de maneira é que estão a assumir que aquilo não serve. De uma maneira ou de outra, com mais conferência de imprensa, menos conferência de imprensa, mais comunicado ou menos comunicado; como é evidente aquilo não serve. Têm que o rectificar”, acrescenta.

O antigo dirigente social-democrata acrescenta que “os partidos são chaves mestras da democracia, penso que é normal serem financiados pelo Estado. O que já não é normal é que os militantes dos partidos não contribuam minimamente para as despesas do partido. Por exemplo, no PSD, o montante da quota dos militantes é de um euro por mês, doze euros por ano. Isto é ridículo, absolutamente escandaloso”.

Capucho afirma que o Presidente da República actuará, caso os grupos parlamentares não tomem a iniciativa.

“Eu penso que, mesmo antes do Presidente da República, os próprios grupos parlamentares vão tomar iniciativas no sentido de corrigir o disparate que fizeram. Se não o fizerem não tenho duvida que o Presidente da República vai actuar. Ele, aliás, fez um aviso claro à navegação, explicando que este ainda não era o momento dele intervir mas deixou subentendido que iria intervir para impedir este disparate”.