A coordenadora bloquista, Catarina Martins, avisou esta quinta-feira que maiorias absolutas do PS nas autárquicas não serão uma “boa ideia” na gestão do Programa de Recuperação e Resiliência, considerando que este “poder absoluto” será “inimigo” das conquistas para as pessoas.
Na reta final da campanha para as eleições autárquicas, Catarina Martins escolheu o PS como principal alvo no comício que esta noite decorreu no Capitólio, em Lisboa, usando o Programa de Recuperação e Resiliência contra o partido liderado por António Costa, cujas maiorias absolutas quer tentar impedir.
“Há uma pergunta que se fará por todo o país: acham mesmo boa ideia que o Programa de Recuperação e Resiliência seja gerido por uma maioria absoluta do PS? Acham mesmo que será uma maioria absoluta do PS que vai garantir as condições de um investimento que mude as respostas ao país e que responda pela habitação, pelos transportes, pelo ambiente, pela igualdade?”, perguntou.
A resposta, segundo a líder do BE, é conhecida por todos, quer fora quer dentro da sala onde discursava.
“A maioria absoluta, o poder absoluto será inimigo das conquistas concretas em nome da vida de quem aqui está”, avisou.
Os recados ao PS continuaram também sobre a luta autárquica em Lisboa – onde bloquistas e socialistas tiveram neste mandato um acordo para a governação da cidade -, com Catarina Martins a avisar que o BE não vai “recuar um milímetro” no caminho que já está a ser feito “na educação, nos direitos sociais, por uma cidade mais transparente, por uma câmara municipal que ouça o seu concelho”.
“Estamos aqui também para vos garantir que o Bloco de Esquerda será a força mais determinada na garantia do direito de habitação”, comprometeu-se.
De novo, na perspetiva da coordenadora do BE, “a questão nestas eleições é só uma”.
“É saber se o PS terá maioria absoluta ou se o Bloco de Esquerda elege a Beatriz [Gomes Dias] e tem uma vereadora que se vai bater pela habitação, pelos transportes, pelo ambiente, pelo clima”, afirmou.
Catarina Martins questionou “quem em Lisboa é que quer uma maioria absoluta do PS”, defendendo que os avanços foram “conseguidos onde não existia essa maioria absoluta”.
“Os avanços que vamos conseguir vão existir porque essa maioria absoluta não existirá e o Bloco de Esquerda terá força em nome de quem aqui vive, em nome de quem aqui trabalha, em nome de uma cidade mais igual”, apontou.
Antes, subiu ao púlpito precisamente a cabeça de lista do BE à Câmara de Lisboa, Beatriz Gomes Dias, que também já tinha feito “pontaria” a uma maioria absoluta do PS na autarquia.
“No próximo domingo, a escolha é simples: é entre votar no Bloco de Esquerda ou uma maioria absoluta do PS em Lisboa”, antecipou.
Segundo Beatriz Gomes Dias, “as pessoas sabem a diferença que o Bloco fez em Lisboa nos últimos quatro anos” em áreas como a educação, apoio social, resposta às pessoas em situação de sem abrigo ou nos transportes.
“As pessoas conhecem o Bloco. Sabem que estamos disponíveis para entendimentos que garantam igualdade, que garantam transportes públicos, que garantam casas que as pessoas possam pagar”, referiu.
Para o pós-eleições, a candidata bloquista reiterou a disponibilidade para reeditar um acordo, mas que tem que ser “claro, transparente, com metas inequívocas para que todas as pessoas possam conhecer e avaliar o trabalho” feito.
“É assim o Bloco, assumimos responsabilidades, não passamos cheques em branco”, disse.